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24/03/2013 23:44:38

Iniciada em 2002, rodovia BR-416 nunca foi concluída


Iniciada em 2002, rodovia BR-416 nunca foi concluída
Acesso a Colonia via BR 416

gazetaweb //

severino carvalho

 

Curtos 3,8 quilômetros de estrada de barro são suficientes para arruinar 44,9 km de pista asfáltica e fazer rolar, de serra abaixo, mais de R$ 30 milhões em verbas públicas desperdiçadas. Essa é a situação da BR-416, alça viária que deveria interligar a BR-101 à 104, por entre os municípios de Ibateguara e Colônia Leopoldina, região Norte do Estado. Iniciada em 2002, a rodovia permanece inacabada e sem cumprir sua finalidade. Vencer o trecho de serra que ficou pelo caminho é tarefa inglória, sobretudo em períodos de chuva. No verão, os motoristas que se arriscam precisam arrostar a poeira, os pedregulhos e os bandidos à espreita.

Sob sol exacerbado, o intrépido representante comercial Aloísio Monteiro, 59 anos, acelerava seu Chevrolet no trecho inacabado da BR-416, levantando poeira. Ele saíra de casa, em Garanhuns (PE), com destino à região Norte alagoana, onde fecharia negócios com seus clientes em Colônia Leopoldina, Novo Lino e Joaquim Gomes. Se optasse em seguir por outro caminho, só encontraria a BR-101 em Palmares (PE), alongando a viagem em mais 80 km.

“É uma vergonha deixar apenas três quilômetros no barro e não concluir a obra por todo esse tempo. É preciso ir a fundo e saber o que aconteceu e onde botaram esse dinheiro. Aqui é que não foi!”, concluiu o comerciante. A Gazeta seguiu a dica deixada por Monteiro. Não foi possível, porém, localizar o convênio que implantou os primeiros 15,6 km da estrada asfáltica que vai do trevo da cidade de Ibateguara até o povoado de Canastra, no topo da serra onde a obra parou.

Rodovia integra serra ao litoral

Colônia Leopoldina – De ponta a ponta, a BR-416 tem exatos 48,7 quilômetros de extensão. O trecho inacabado, de 3,8 km, encontra-se bem na parte central, em terras de Colônia Leopoldina, nas proximidades do limite geográfico com Ibateguara. Os dois municípios juntos possuem pouco mais de 35 mil habitantes, entretanto, a consolidação da BR-416 beneficiaria uma população infinitamente superior, pois interligaria a Região Serrana dos Quilombos ao restante da Mata e Litoral Norte de Alagoas, fazendo fluir, sobretudo, a economia.

Ali estão instaladas usinas de cana-de-açúcar, destilarias e inúmeras propriedades rurais: pequenas, médias e grandes. Secretário de Administração de Colônia Leopoldina, Severiano Freitas conta que a cidade de União dos Palmares é uma espécie de centro administrativo da região. É para que os moradores de Colônia Leopoldina precisam se deslocar para resolver suas questões. No inverno, porém, é praticamente impossível fazer o percurso porque o trecho inacabado da BR-416 fica intransitável.

“Para chegar a União dos Palmares pela BR-101, por fora, temos de percorrer mais de 130 quilômetros, pela BR-416 passando pela BR-104, o percurso cai pela metade. É em União que está a Justiça do Trabalho, o INSS, a Coordenadoria Regional de Ensino, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER)”, citou Severiano.

Assaltos e acidentes são comuns na estrada

Colônia Leopoldina – Renilson de Oliveira, 31 anos, trabalha como mototaxista em Colônia Leopoldina. Ele cobra R$ 30 para levar um passageiro até Ibateguara pela BR-416. Chega a fazer até quatro viagens neste trajeto durante a semana, mas só aceita o serviço enquanto o sol estiver brilhando.

“Depois de cinco horas da tarde, eu não me meto. O roubo de moto ali é grande. No inverno, nem adianta. Só passa trator e olhe lá”, comentou o mototaxista, cuja declaração tem o aval dos demais colegas de trabalho, que o escutam com atenção, no ponto instalado no Centro de Colônia Leopoldina.

“Eu nunca fui assaltado, mas meu amigo já foi. Levaram a caminhonete dele”, contou o representante comercial Aloísio Monteiro, que mora em Garanhuns, Pernambuco, e utiliza a rodovia semanalmente, no verão.

Acidentes no trecho também são comuns, alguns deles, fatais. A rodovia é mal sinalizada e o segmento que restou no barro, cheio de armadilhas. As pedras no caminho deixam o piso instável. A poeira tira a visibilidade, jogando o veículo dentro dos buracos. Qualquer descuido pode ser fatal: há verdadeiros precipícios ali. Pra completar o cenário aterrador, é preciso desviar de rebanhos inteiros de bovinos que passeiam, fagueiros, pelo trecho.

Dnit diz que obra precisa entrar no PAC

Ibateguara – O superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Fernando Fortes, acredita que só será possível concluir a obra de pavimentação asfáltica da BR-416 incluindo o referido projeto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para isso, Fortes propõe que a bancada federal alagoano se mobilize nesse sentido.

“Do mesmo jeito que aconteceu com a BR-316, que foi incluída no PAC, assim deve ser feito com o restante da BR-416. Só vai desse jeito. Quando a obra não está inclusa no PAC, a dificuldade é grande”, reconhece Fortes, conclamando a bancada federal alagoana a agir. O Dnit abriu licitação, na semana passada, para a construção de 49 quilômetros da BR-316, que liga Carié, em Canapi (AL), a Inajá (BA).

De acordo com Fortes, a implantação da BR-416 ficou pelo caminho porque os recursos previstos por meio do convênio firmado com a prefeitura de Ibateguara, à época, não foram suficientes para concluir a obra. “O prazo já do convênio expirou”, lembrou.



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