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24/03/2013 18:14:48

Anadia: de cidade pacata a desordem e o medo dos moradores em andar nas ruas


Anadia: de cidade pacata a desordem e o medo dos moradores em andar nas ruas
Anadia: população temerosa

correiodealagoas //

carlos victor costa

 

Anadia, cidade com 211 anos de existência, localizada na zona da mata de Alagoas. Nos moldes antigos era taxada como um município pacato e tranquilo de se viver. Mas atualmente a realidade é outra, pois os quase 18 mil habitantes que nele residem vivem dias de terror e medo. Tudo isso pelo fato do alto índice de assaltos, homicídios e tentativas de assassinato. Recentemente, o sequestro de um menino de 13 anos, filho de um comerciante local, deixou a cidade apreensiva. Diante do que vem acontecendo em Anadia, o Pároco do município, Niraldo José junto com a comunidade católica da Igreja Nossa Senhora da Piedade realizou na última sexta-feira (22) uma via sacra que percorreu as principais ruas da cidade com o objetivo de pedir paz. Os fiéis acompanharam o percurso vestidos de branco.

 

O Correio de Alagoas esteve no município, onde conversou com alguns moradores que relataram sobre a vivência nos últimos meses na cidade. Lá a reportagem falou com o professor de história, Osvaldo Chagas, de 40 anos e que vive na cidade desde criança. Ele confidenciou como era o clima do município antigamente e como é conviver com o perigo e o medo hoje.

 

“Quando eu era mais jovem, ia com os amigos para uma casa noturna daqui. Esse lugar era um ponto de encontro, mas foi diminuindo, até que no ano passado o ambiente acabou se tornando um lugar para usuários de drogas e brigas. Logo após acabou sendo fechado, acho que por falta de segurança. Até a praça no Centro da cidade, hoje é lugar para os jovens usarem entorpecentes. Anadia não tem mais nada, as famílias se preocupam e nem na porta ficam mais conversando, por conta do medo”, disse o professor.

 

A situação está tão perigosa, que o professor disse que até os bares estão sendo fechados cedo pelos proprietários por medo de serem assaltados. O motivo segundo o professor foi o fato de uma comerciante ter sido vítima de criminosos. “Isso começou após uns homens invadirem o bar da Marlene no último dia 01. Ela ficou tão aflita que mudou sua rotina fechando o estabelecimento bem mais cedo”.

 

Na visão do policial militar, Luiz Carlos, que mora em Anadia desde criança, a responsabilidade da insegurança gerada no município é dividida. Para ele uma parcela é da população que vota sempre nos mesmos candidatos, e também reflete na ingerência dos governantes.

 

“O nosso governador, baseado na ideologia de seu partido, tem simplesmente esquecido o funcionalismo público, colocando de lado os serviços básicos para trazer mais empresas para nosso estado".

 

De forma irônica o PM fez uma dura crítica ao governador Teotonio Vilela Filho. “Como ele é uma pessoa que se preocupa muito com a segurança dos alagoanos, após seis anos de governo ele resolveu fazer um concurso para polícia militar. O efetivo da polícia atualmente é de 6 mil homens, quando era pra ser de 16, é lamentável essa situação".

 

Sobre a situação em que Anadia se encontra, Luiz Carlos disse que é triste ver sua cidade natal decaindo. “Aqui não se falava muito em drogas, mas acabou chegando aqui e classifico como a destruidora de famílias, especificamente o crack. Viver em Anadia era a melhor coisa do mundo, típica cidade do interior, calma e tranquila, mas infelizmente nossas autoridades deixaram ou não deram a atenção devida e essa doença que em minha opinião pode ser considerada o mal do século”.

 

“Tenho 31 anos de idade, sou militar a 11 e vivo em Anadia desde que nasci. Fico muito triste de ver minha terra querida se definhando e morrendo por falta do poder publico”.

 

Jovens não têm mais para onde sair à noite

 

No caso de João Paulo Tojal, de 27 anos, que vive em Anadia desde seus oito anos de idade, a preocupação em sair para praça tradicional da cidade é o maior problema, pois segundo ele o local era usado para rodinhas de conversa entre amigos e para namorar. “Sempre ia com minha namorada para a praça, principalmente após as missas de sábado, era muito bom, pois encontrávamos os amigos, uma situação tranquila. Mas hoje ao sair para ir à praça ou a algum lugar da cidade, deixo todos os meus pertences em casa e também volto mais cedo. Faz medo andar sozinho pelas ruas”.

 

João Paulo também falou sobre os últimos acontecimentos violentos do município e sobre a importância da cidade para ele. “Anadia nunca foi assim, sempre foi uma cidade pacata. Agora o que podemos ver é o aumento no índice de assaltos aqui, por último agora um sequestro que deixou todos os moradores aflitos e com medo de andar nas ruas da cidade”.

“Sinto-me como se fosse de lá, pois é onde vivo desde os meus oito anos de idade, foi lá onde eu passei a melhor parte de minha vida, a infância, onde fiz meus amigos. Hoje vivo em Arapiraca por questão de trabalho, mas todos os finais de semana estou em Anadia, mas esses últimos acontecimentos estão me afastando de lá, mas amo minha terrinha e fico muito triste pela situação em que ela se encontra”.

 

Da mesma forma que João Paulo, o jovem Manoel Alvim Neto, de 21 anos também era um frequentador assíduo da principal praça da cidade, aonde ia sempre com sua namorada. “Foi-se o tempo em que podíamos ir a praça namorar, bater papo com amigo, infelizmente à realidade em que se encontra minha terra natal é triste, o nosso point (praça) em que eu namorava e entrava madrugada conversando com os amigos está "empestado" de usuários de drogas de um lado, e do outro arruaceiros empinando motos e subindo na praça com elas”.

 

Outros casos foram mencionados pelos moradores. Como um ataque ao micro-ônibus que leva os estudantes para Maceió, onde uma pedra foi atirada no veículo e o pneu acabou sendo furada. Na ocasião o motorista conseguiu fugir e chegar até o centro da cidade. "Dois assaltos a um mesmo comerciante também foram registrados. A situação está tão aterrorizadora que os criminosos assaltam de 'cara limpa' e fogem a pé, sem que sejam interceptados, até a lotérica que já foi assaltada outras vezes ia sendo alvo novamente", explicou um morador que preferiu não se identificar.

 

Prefeito coloca culpa de violência no baixo efetivo policial no município

 

No último dia 8, houve o sequestro de um pré-adolescente de 13 anos e a reportagem conversou com o prefeito do município, José Augusto Rocha que responsabilizou o governo do Estado pelo caos e o aumento da violência na cidade. “A culpa é do governo que não disponibiliza mais policiais para os municípios, temos só dois policiais para fazer a segurança de mais de 17 mil habitantes”.

 

Na conversa o prefeito também reclamou que a única viatura do município estava sem funcionar a um tempo, não podendo se deslocar para as diligências. Esta versão foi desmentida pelo comandante da 1ª Cia Independente de São Miguel dos Campos, capitão PM Rivaldo que chamou o gestor de mentiroso.

 

Diante desse caso, vários moradores se posicionaram e disseram que em muitos casos a polícia é omissa, mas também responsabilizou o prefeito pelo alto índice de violência no município, onde segundo eles, os comentários que estavam saindo era que a viatura estava sem combustível e encostada no Grupamento da Polícia Militar da cidade.

 

Abaixo assinado para as autoridades

 

O padre está organizando um abaixo assinado pedindo intervenção na cidade. E depois que colher um número significativo de assinaturas, o documento será enviado para o prefeito do município e também para o governador do Estado, Teotonio Vilela Filho.

 


 



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