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03/03/2013 19:23:41

Famílias despejadas em reintegração em Rio Largo, AL, dormem ao relento


Famílias despejadas em reintegração em Rio Largo, AL, dormem ao relento
Desabrigados não têm para onde ir

G1alagoas //

michelle farias

 

Tijolos, telhas e cimento. Esses materiais são básicos para a construção de qualquer casa, mas não para a casa do servente de pedreiro Cícero Silva, que teve seu barraco de madeira levado abaixo na ação de reintegração de posse executada pela Polícia Militar em uma área privada do município de Rio Largo, região metropolitana de Maceió, na última sexta-feira (1).

Silva já ajudou a construir centenas de casas, mas, aos 58 anos, ele nunca conseguiu construir a sua própria. Viúvo e sem nenhum parente próximo, ele perdeu o único teto que tinha para dormir. 92 famílias do Movimento Unidos pela Terra (MUPT) perderam suas casas durante a desocupação.

 

O servente de pedreiro, que não tem mais pra onde ir, revela que dormiu ao relento nos últimos dias, entre o que sobrou dos barracos de madeira. “Consegui um colchão e dormi para evitar que algumas pessoas roubassem o que eu consegui salvar. Tive que vender o pouco que tenho para pagar a minha mudança que custou R$ 100”, afirmou.

 

Sem lugar para morar e sem família, o desempregado revela que vai tentar morar junto com algumas famílias no município vizinho, Messias. “Estou entregue à própria sorte. Não tenho para onde ir. Espero que alguém se comova e nos ajude”, disse emocionado.

 

Durval Gomes, de 52 anos, morava de aluguel com a esposa em um barraco de madeira. Ele cata materiais recicláveis e com o dinheiro pagava R$ 150 de aluguel para ter onde morar. Ele só ficou com a roupa do corpo e desde ontem não toma banho.

 

“A máquina passou por cima de tudo. Não consegui retirar nada de casa. A única coisa que não perdi foram alguns pedaços de ferro que vou vender para pagar o frete do que consegui salvar”, desabafou Gomes.

 

Segundo ele, algumas famílias conseguiram se alojar em casas de parentes. Outras irão tentar a sorte no município de Messias.

 

Eles cumpriram a ordem de despejo pacificamente. O coordenador do MUPT, José Lima Maciel, o “Zeca”, disse que as famílias não têm para onde ir. “Essa área fica a 20 metros da rodovia e é de domínio público. Desde janeiro do ano passado que buscamos na Justiça permanecer no local, mas infelizmente temos que sair”, disse o coordenador.

 

Sobre a desapropriação, a prefeita de Rio Largo, Maria Eliza Alves, disse que soube pelos veículos de comunicação e que não foi informada da ação. “Como é um terreno privado, a prefeitura não pode interferir. Essas famílias não possuem vínculo com o município, são de outras cidades. Infelizmente não podemos fazer nada”, afirmou Eliza.

 

A reportagem do G1 tentou ouvir a Secretaria de Estado de Assistência e Desenvolvimento Social para saber se se essas famílias serão amparadas pelo Estado, mas os telefones estavam desligados.



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