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bleine oliveira
Mais que preocupantes, os dados sobre o alcoolismo nas fileiras da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) são graves. Se em 2007, 28,40% dos atendimentos registrados no Centro de Assistência Social (CAS) da corporação foram devido a problemas gerados pelo consumo de bebida alcoólica, em 2012 esse índice subiu para 80%. Quem faz a estimativa, tendo como base a demanda por assistência jurídica da entidade, é a Associação dos Subtenentes e Sargentos Militares de Alagoas (Assmal).
Os números da Associação revelam que o álcool é fator constante nas transgressões disciplinares, como falta ao trabalho, e nos crimes praticados por militares fora de serviço. “Muitos companheiros estão apresentando alteração de comportamento e a causa, pelo que vimos no setor jurídico, é o alcoolismo”, afirma o presidente da Assmal, sargento PM Teobaldo Almeida.
Sobrecarga de trabalho agrava os problemas
Outra mudança positiva promovida pela gestão da Polícia Militar é a participação de três coronéis na comissão do governo que negocia as reivindicações salariais da tropa, o que antes não ocorria. “Participavam somente os secretários de Gestão e de Finanças. Agora, a PM está diretamente envolvida nas discussões”, ressaltou o presidente da Associação dos Subtenente e Sargentos Militares (Assmal), sargento Teobaldo Almeida.
Para ele, essas ações reduzem a insatisfação da tropa, que vê diminuir a pressão hierárquica e se sente valorizada. “O efeito é geral, pois temos registro de problemas com alcoolismo em todas as classes, do soldado ao oficial”, afirmou Teobaldo. Ele destacou como fundamental que a PM/AL invista na melhoria da qualidade de vida de seus comandados, garantindo salários dignos e boas condições de trabalho.
Uma das primeiras medidas neste sentido, defende o advogado Anaxímenes Fernandes, é a reorganização do quantitativo policial militar que, segundo seu entendimento, está defasado. “As convocações recentes serviram apenas para suprir as aposentadorias. Não houve aumento do efetivo da PM”, disse o advogado.
Essa defasagem implica em sobrecarga de trabalho e na insatisfação do militar, submetido a escalas estressantes de 12h e até 24h ininterruptas, como aqueles que estão no patrulhamento ostensivo, em batalhões como Radiopatrulha, Eventos e o Bope. Anaxímenes soma ao esgotamento físico a quase inexistente vida social do militar. “O lazer de muitos está no consumo de bebida alcoólica”, lamenta.
O preocupante indicativo é confirmado pelos oficiais que integram o Centro de Assistência Social da PM alagoana, mesmo ressaltando que o problema vem sendo tratado pelo Comando-Geral com a atenção necessária. Para enfrentar o problema, o atual comando investe em ações de caráter preventivo. A PM/AL tem um programa específico para reduzir os casos de alcoolismo e suas consequências na corporação e fora dela.
Alertado, comando implementa ações
Num artigo apresentado ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) para obtenção do título de Especialista em Saúde Mental, em 2007, os psicólogos Larissa Paes de Omena e Carlos Frederico de Oliveira Alves, concluíram que “para cada policial em tratamento existe uma demanda reprimida que ainda não procurou ajuda espontaneamente ou não foi encaminhada por seus comandantes” (www.pm.al.gov/downloads/saude_trab.pdf). Significa, disseram eles, que podia chegar a um número muito maior do que os 28,40% registrados pelo Centro de Atendimento Social da PM de Alagoas, o número de militares com o problema.
O trabalho de Larissa Paes e Carlos Frederico mostra que a corporação dá enfoque individualizado ao tratamento, “oferecendo serviços para tratar o sintoma e garantir a volta do policial ao trabalho o mais breve possível”. Eles destacam como importantes as intervenções no campo da saúde, mas entendem que estas “devem ser associadas a ações institucionais com ênfase na prevenção e desenvolvimento de estratégias saudáveis de enfrentamento de crises”.
