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patrcia bastos
“Meu Deus, meu Deus/ Setembro passou/ outubro e novembro/ já tamo em dezembro/ meu Deus, que é de nós/ Assim fala o pobre/ do seco Nordeste/ com medo da peste/ da fome feroz”, o poema de Patativa do Assaré foi musicado por Luiz Gonzaga há 48 anos, mas representa o lamento do sertanejo de hoje, que vem perdendo a luta contra a seca.
No município de Pariconha, a paisagem mais parece um deserto, com algumas catingueiras resistentes aqui e acolá. Até mesmo algumas espécies de plantas nativas da caatinga foram varridas pela seca, ou serviram de último recurso para alimentação dos animais, como o mandacaru.
Não se encontra pasto, nem roça – em raros locais é possível ver pés de feijão e milho queimados pelo sol, retrato da esperança surgida com a pouca chuva que caiu em maio e que ficou para trás. As barragens, que eram a principal fonte de água nas comunidades rurais, ou estão quase secas, ou são apenas uma lembrança nas marcas deixadas na terra rachada.
Em algumas comunidades, o atraso provocado pela seca contrasta com o avanço das obras do Canal do Sertão, que segundo o governo estadual, será a redenção das comunidades castigadas pela estiagem, a partir de fevereiro de 2013, quando será colocada água. No Sítio Rolas, a obra passa bem próximo a algumas residências, os moradores, que acompanharam o andamento da obra, já ouviram tanto falar no Canal do Sertão, mas até hoje não entendem como ele vai funcionar.