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Municípios
07/12/2012 12:34:54

Usina será autuada por manter trabalhadores em condição de escravos


Usina será autuada por manter trabalhadores em condição de escravos
Trabalhador mostra as mãos estragadas

painelcontrole //

tudonahora 

 

Uma operação conjunta da Polícia Federal (PF), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou 30 trabalhadores que atuavam em condição análoga à de escravo na usina Taquara, no município de Colônia Leopoldina. Eles foram encontrados sendo transportados em um ônibus na madrugada desta quinta-feira (6).

 A apreensão do veículo aconteceu no município de Porto Calvo, no trevo de acesso à usina Santa Maria. Os trabalhadores, moradores dos municípios da Barra de Santo Antônio e São Luís do Quitunde, atuavam há cerca de três meses na usina, em condições degradantes. Eles não tinham carteira assinada, eram expostos a riscos de acidentes de trabalho, e não tinham água potável para beber. Entre os trabalhadores, havia uma mulher grávida.

 O grupo era levado até a usina em um ônibus sucateado, e o motorista que dirigia o veículo sequer possuía habilitação. “Eles eram pegos às 3h30 da madrugada e retornavam para casa somente às 19h. Todos tinham que levar água de casa, pois a usina não fornecia”, informou o procurador do Trabalho Rodrigo Alencar.

 O MPT recebeu a denúncia anônima, em novembro, de que cerca de dez ônibus percorriam os municípios próximos à usina Taquara a fim de arregimentar cortadores de cana para trabalhar de forma clandestina. Outras operações foram desencadeadas anteriormente, mas não tiveram êxito.

 O ônibus foi apreendido e levado à sede da Polícia Federal em Maceió. Todos os trabalhadores foram ouvidos e confirmaram a situação degradante de trabalho.

 O proprietário da usina terá que pagar uma multa rescisória, que ainda será calculada pelo MTE, pela manutenção dos trabalhadores em condição análoga a escravo. Ele também deverá responder a uma ação civil pública, impetrada pelo MPT, uma ação penal proposta pelo MPF, além de um inquérito policial conduzido pela PF.

 Desde o início da manhã, o Ministério Público do Trabalho tentou contato com o advogado da usina, mas não obteve retorno.

 “O cálculo da multa a ser paga ainda será feito, mas já foram lavrados vários autos de infração contra a usina por uma série de irregularidades constatadas anteriormente”, afirmou o auditor fiscal José Prado Melo Júnior.

 Todos os 30 trabalhadores resgatados receberão três parcelas de seguro desemprego. Cada uma corresponde ao valor de um salário mínimo.

 “A gente levava muita ‘piabada’ do chefe”, diz trabalhador

 Ao Tudo na Hora, o cortador de cana, identificado nesta matéria apenas pela inicial L., por questões de segurança, disse que precisava levar tudo de casa para trabalhar na usina: água, alimento, roupa, botas e até o facão para cortar a cana. Ele disse que, além das condições degradantes de trabalho, ainda levava piabadas do chefe durante a jornada, referindo-se a agressões físicas.

“A gente ganhava R$ 8 por tonelada de cana cortada. Tinha semana que dava para tirar R$ 250, mas não valia a pena”, relatou L., mostrando as mãos calejadas e repleta de cortes de facão.

 




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