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Eleições 2012
03/10/2012 16:31:26

Número 'fácil' ajuda, mas não elege candidato, afirmam consultores


Número 'fácil' ajuda, mas não elege candidato, afirmam consultores
Ilustração

G1 //

rosanne d'ágostinho

 

77.777 ou 47.832? Embora a primeira opção seja mais fácil de lembrar na hora da votação para vereador, o "bom número", por si só, não garante mais votos e eleição do candidato. Segundo especialistas em campanhas ouvidos pelo G1, as numerações mais fáceis de serem gravadas pelos eleitores são usadas pelos "puxadores de votos" dos partidos, mas conteúdo é fundamental para quem busca a vitória nas urnas.    

 

Conforme a lei eleitoral, os números dos candidatos são sorteados durante as convenções partidárias. Os dois primeiros algarismos sempre correspondem ao número da legenda. Os três seguintes completam o número do candidato a uma vaga na Câmara Municipal. A lei reserva ao candidato que já concorreu na eleição anterior o direito de manter seu número caso concorra ao mesmo cargo.

 

Cada partido político tem suas regras para realizar o sorteio dos números dos candidatos, seguindo orientações do manual de convenções partidárias. Na prática, segundo consultores, a escolha leva em conta fatores como histórico do candidato e a possibilidade de trazer votos para legenda. "Foi assim que o Tiririca [eleito deputado com a maior votação do país na eleição de 2010] conseguiu o número dele: 2222", afirma Caio Manhanelli, consultor em marketing político.

"Se o candidato é novo, é difícil [ter bom número]. Quanto mais votos, mais militante, mais chance de ter um bom número. É uma negociação que depende de cada partido", explica.

 

Para Alexandre Bandeira, que atua nas áreas de estratégia e marketing de campanhas eleitorais, a importância de um bom número na urna é relativa. "O candidato sempre briga para ter uma boa numeração, mas, se não tiver conteúdo, não adianta".

 

A opinião é compartilhada por Roberto Rech, que ministra cursos para candidatos pelo país. "Como o eleitor está votando cada vez mais em pessoas, e não em partidos políticos, o número passa a ser irrelevante. O eleitor não vota em números, primeiro ele memoriza o seu candidato. O número é consequência", afirma.

 

Segundo Rech, muitas vezes "o número é mais importante para o candidato do que para o eleitor", pois concorrentes consultam numerólogos para saber se possuem uma boa combinação. "Buscam uma vibração positiva, força, energia. Outros escolhem número com significado místico. Conheço candidatos que mudaram o número de uma eleição para outra e dobraram", diz.

 

Repetições e sequências

Os conjuntos numerais apontados como de mais fácil assimilação pelo eleitor são compostos de algarismos que se repetem, como 77.777 e 77.171, ou de números sequenciais, como 56.789. Para Alexandre Bandeira, é importante criar uma identidade do candidato, que ajude o eleitor a lembrar do número.

 

"O eleitor tem uma capacidade limitada de lembrar as coisas. É como uma marca de sabão em pó. A gente lembra apenas algumas. Então a gente procura criar uma identidade que a pessoa lembre. Primeiro pela cor, depois pelas letras e por último pelo número. Esses números permitem criar jingles, soluções estéticas”, diz Bandeira.

 

"Mas não ter um número excelente não é o fim dos mundos. Com uma ação estratégica pesada, é possível trabalhar qualquer número. Com todos eles dá para ter ações estratégicas. Nenhum candidato abre mão é de criar colinha. É muito rápido o tempo de urna", completa.

 

O consultor Caio Manhanelli, o número fácil de decorar garante o voto para o candidato que for conhecido do eleitor. "Antigamente a gente podia escolher o candidato por nome ou número.

 

Agora, com a urna eletrônica, é pelo numero. Dentro de um mar de números, se for mais fácil de decorar, vai ser mais fácil de garantir voto. Mas o número só vai ajudar o eleitor a se lembrar de votar no cara que ele já se afeiçoou, não vai agregar mais eleitores”, explica Manhanelli. "O voto não é propriedade".


 



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