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A situação registrada neste sábado (22), no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, situado no bairro do Prado, em Maceió, não é inédita: dentro do necrotério, corpos de vítimas da violência se acumulam. Do lado de fora, familiares, que, além da dor da perda, têm que lidar com a retenção dos cadáveres. Isto porque, devido à greve dos médicos legistas, nenhum dos 17 corpos que se encontram no Instituto pode ser liberado para sepultamento.
Diante da confusão, o juiz e conselheiro de segurança do Estado, Maurício Brêda, esteve no local e afirmou que daria voz de prisão aos médicos legistas Sérgio Canuto e José Renalvo, que estavam escalados para o plantão deste sábado e não compareceram ao IML.
“Eles estão deixando de cumprir um dever inadiável por questões pessoais, referentes a salário. Então caso apareçam aqui ou eu os encontre em algum lugar, farei questão de prendê-los em flagrante com base no artigo 319 do código penal”, disse o magistrado, referindo-se ao texto legal que tipifica como crime “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
Brêda afirmou ainda que busca, junto ao Tribunal de Justiça, uma decisão judicial para que os corpos sejam liberados imediatamente, mesmo sem a realização dos exames cadavéricos. “A expectativa é que essa decisão saia ainda hoje. No entanto, os cadáveres não podem ser liberados a noite. Mas esperamos que amanhã de manhã, no mais tardar, haja a liberação”, explicou o juiz membro do Conselho de Segurança do Estado de Alagoas (Conseg).
Um dos parentes aflitos que aguardavam uma resolução para o impasse, a jornalista Laíse Moreira esperava, desde as 8h, a liberação do corpo de seu tio, Belmiro Alves Nobre, de 38 anos, que foi executado, na madrugada deste sábado, com 14 tiros de pistola ponto 380, em um ponto de ônibus situado na Avenida Dona Constança, no bairro da Jatiúca. “O corpo do meu tio não está na geladeira, não sei como vai ficar a situação dele até que essa confusão seja resolvida e os corpos possam ser liberados”, disse.
