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Opinião
19/08/2012 10:10:56

Matar Por Amor


Matar Por Amor
Dr. Jacinto Martins de Almeida
Dr. Jacinto Martins //

A legítima defesa da honra, também denominada homicídio passional, é considerado o crime dos amantes. A Psicologia é a ciência responsável a explicar os motivos determinantes desta conduta. Qual seria o limite entre o amor, ódio e paixão? A linha tênue entre estes elementos induz a prática do crime, tão repudiada pelos juristas atuais, mas na década de 1970 encontrava no Tribunal do Júri um caminho à absolvição.

O caso mais famoso de crime dos amantes no Brasil é o do paulista, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido com Doca Street, ocorrido em 30 de dezembro de 1976, em Búzios, quando assassinou sua bela companheira a “pantera mineira” Ângela Diniz; o mesmo alegou em sua defesa que “MATOU POR AMOR”. O seu advogado, o famoso jurista Evandro Lins e Silva, um dos mais talentosos nomes do direito penal brasileiro, sustentou a tese que despertou muita polemica: “a legitima defesa da honra” que levou a absolvição de Doca Street; mas devido a uma grande reação popular o julgamento foi anulado e, num segundo julgamento, Doca Street foi condenado.

O crime passional, também apelidado de “matar por amor”, manifesta a incapacidade da pessoa de conduzir a sua vida após se sentir ameaçado de perder o parceiro ou mesmo após a perca do mesmo. O medo de perder o outro pode decorrer de ciúmes patológicos, por medo de rejeição real ou fantasiada, de baixa autoestima, de intolerância à frustração, ou incapacidade de viver com o sucesso do outro; leva a pessoa a matar “o ser amado” e, como desculpa, alega sempre em sua defesa que MATOU POR AMOR. Então fica a pergunta: QUEM AMA MATA?

Não, quem ama não mata, o assassinato do parceiro acontece em virtude do amor próprio ferido e do narcisismo excessivo manifestado por pensamentos delirantes e obsessivos que levam a pessoa acreditar que sua que sua honra foi manchada. Por isso, em pseudo defesa da honra e do amor próprio ferido, mata-se.

O difícil é entender, que uma raiva tão cega se abata justamente sobre o ser que parece dar sentido a própria vida. Talvez, por não conseguir explicar esse gesto, a sociedade praticamente o perdoa; a vitima chega a virar réu, merecedora do castigo e causadora da desgraça. Isso se justifica?

O assassinato do parceiro é a forma pela qual o individuo busca defender-se do sério ataque que seu narcisismo sofreu. O parceiro, com todas as suas características já não tem o direito de existir; o que ele não aguenta é morrer na consciência do companheiro, enquanto o outro ainda vive na consciência dele. Provavelmente, torna-se pior e empobrecido na medida em que percebe o outro sobrevivendo e encontrando satisfação em situações não relacionadas com ele. Percebe essa situação, não como um direito do outro, mas como roubo de algo que só a ele pertence; porque o assassino não sofre pelo AMADO, sofre pelo seu EGO, em virtude de ver o parceiro como uma extensão de si mesmo.

Então, manda para a eternidade o ser “AMADO”, porque é a única maneira de garantir que ele seja seu para sempre.

Dr. Jacinto Martins de Almeida

Psicólogo/Psicanalista/Hipnólogo/Acupunturista

ESPECIALISTA NO TRATAMENTO DE MEDOS E DORES



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