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roberto baia
A morte de um bebê durante o parto na cidade de Taquarana, fato ocorrido por volta das 20 horas do último domingo (12), vai parar na Justiça.
A família da jovem Tamires dos Santos, de 18 anos, pretende mover uma ação contra a Prefeitura Municipal, responsável diretamente pela Unidade Mista de Saúde Nossa Senhora de Fátima.
Segundo a dona de casa Josefa Cristina dos Santos, o seu neto morreu durante o parto por falta de assistência médica.
“A maternidade de Taquarana está fechada há mais de um ano e a minha nora procurou a Unidade Mista, que alegou que não tinha médico”, observou.
Dona Josefa, como é mais conhecida, disse que para piorar ainda mais a situação disseram que naquele momento não havia uma ambulância disponível para levá-la até um hospital em Arapiraca - cidade localizada a 20 quilômetros de Taquarana -, e por isso a aconselharam a “voltar para casa e aguardar”.
“Foi uma agonia que passamos. A minha nora já estava em trabalho de parto e andamos cerca de dois quilômetros até a nossa casa, no Loteamento do Doda. A minha mãe, Francisca Ferreira dos Santos, 82 anos, é parteira aposentada e, apesar da idade, tentou ajudar. Ficamos desesperados e sem ter o que fazer”, afirmou a dona de casa.
Revoltada com a morte do seu bisneto, a aposentada Francisca Ferreira fez questão de relatar o que aconteceu.
“O bebê estava vivo, com uma perna do lado de fora. Houve complicações e não tive como ajudar. Entrei em pânico e comecei a chorar ao perceber que o bebê estava em uma posição difícil e que poderia acabar morrendo. Tenho experiência nesses casos e sei que era grande o risco que ele corria”, disse.
Negligência
A família da adolescente Tamires dos Santos retornou à Unidade Mista de Saúde para pedir socorro após perceber que o parto era de risco.
“O que mais me revoltou foi que a ambulância, que eles disseram que estava quebrada, trouxe uma parteira que é conhecida na cidade como 'Mô'. Foi uma loucura. A minha nora gritava de dor e só depois de alguns minutos é que o bebê, que era um menino, foi retirado e, infelizmente, para a nossa tristeza, já estava morto”, revelou Josefa dos Santos, para adiantar que está buscando orientação para entrar com um processo contra a prefeitura.
“Sei que isso não vai trazer o meu neto de volta. Pelo menos vou ficar com a consciência de saber que lutamos para que um fato lamentável como esse não volte a ocorrer em nosso município”, desabafou.
A reportagem da Tribuna esteve ontem, pela manhã, na Unidade Mista de Saúde Nossa Senhora de Fátima, onde manteve contato com a diretora Tamires Lilian, que adiantou que não tinha autorização para falar sobre o assunto e pediu para que a Secretaria Municipal de Saúde fosse procurada.
Ela, inclusive, negou o acesso às dependências da maternidade, que está fechada, e disse que fotografias “só com autorização da Secretaria de Saúde”.A secretária de Saúde do município, Maria da Penha, não estava na Secretaria e os funcionários disseram que não tinham autorização para informar o número do seu telefone.
Foram entregues à subsecretária os números dos telefones da Tribuna, mas até o fechamento desta edição não houve qualquer contato ou esclarecimento por meio de Nota Oficial sobre o caso.