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Polícia
02/04/2012 10:29:50

Traficante paga R$ 10 mil para matar capitão Rocha Lima


Traficante paga R$ 10 mil para matar capitão Rocha Lima
Capitão Rocha Lima

O capitão da Polícia Militar (PM) Antônio Marcos da Rocha Lima volta ao cenário da crônica policial de Alagoas. Desta vez, o oficial, que vem denunciando ser vítima de um suposto esquema de calúnias e perseguições por parte da Secretaria de Defesa Social, agora diz que seria executado por ordem de traficantes de drogas. O preço por sua “cabeça”, segundo o militar, foi estipulado em R$ 10 mil.

 

Rocha Lima procurou no sábado (31) a Central de Polícia, em Maceió, junto com seu advogado, onde confeccionou um Boletim de Ocorrência (BO). Ele citou três nomes como os supostos autores materiais de sua morte.

 

“Boca”, “Pizza” e “Buchecha” seriam usuários de drogas que agem a serviço de um traficante nos povoados da Barra Nova, Massagueira e Santa Rita, no município de Marechal Deodoro, região Sul de Alagoas. Seriam eles que teriam recebido a “encomenda”.

 

Informações chegadas ao capitão dão conta que os três foram recrutados por um traficante que cumpre pena no Sistema Prisional de Maceió, o qual havia recebido a ordem do traficante Givaldo Barbosa de França, o “Quinzinho”, preso no Conjunto Virgem dos Pobres, região Sul de Maceió, em 2008, por policiais da Delegacia de Repressão ao Narcotráfico (DRN).

 

Atualmente “Quinzinho” cumpre pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. A principal suspeita é que “Quinzinho”, mesmo preso a distância, mantém sob seu controle o tráfico de drogas no trecho entre o bairro da Cambona, em Maceió até a orla da cidade de Marechal Deodoro.

 

O esquema, ainda segundo o militar, foi denunciando por um policial militar, amigo dele, que revelou detalhes de como Rocha Lima seria morto.

 

A principal suspeita é que através de familiares, que vão lhe visitar, "Quinzinho" passou a ordem para o irmão, José Henrique Barbosa dos Santos, o “Viola”, que cumpre pena em um dos presídios de Maceió e um dos articuladores da quadrilha liderada pelo irmão. "Viola" teria conseguido o dinheiro, escolhido a dedo oa supostos matadores de Rocha Lima e planejado local, dia e hora da execução.

 

Dizendo que teme ser morto o capitão pediu ajuda para o Conselho Estadual de Segurança Publica para que acautele uma pistola .40, da Polícia Militar que, segundo ele, servirá para se proteger.

 

“Estou com medo de morrer igual ao sargento Cícero Soares (morto a tiros por três homens, na última quarta-feira (28). Preciso e espero do Conselho de Segurança que me autorize voltar usar uma arma”, disse o capitão que, segundo a assessoria da Polícia Militar, responde ao Conselho de Justificava e por isso não pode ter acesso a nenhum tipo de arma.

 

O militar, que sempre se destacou em áreas operacionais, hoje está lotado no Hospital da PM, em Maceió, onde é o chefe do setor administrativo responsável pelas escalas de serviço dos militares que ali trabalham.

Polemico

 

No último dia 14 o militar concedeu entrevista onde afirmou que é monitorado 24 horas pelo serviço reservado da PM e que mesmo absolvido pelo Conselho de Justificativa da Polícia Militar e Tribunal de Justiça (TJ), com o aval do Ministério Público Estadual (MPE), continua sofrendo retaliações como, por exemplo, não poder portar uma arma de fogo da corporação.

 

Um dia após a denúncia o oficial foi surpreendido com a decisão da Justiça alagoana, que anunciou que Rocha Lima deve ir a júri popular pelo homicídio de Cícero Francisco da Silva, ocorrido no ano de 2009, no município de São José da Laje, interior de Alagoas.

 

A denúncia foi ofertada pelo Ministério Público Estadual (MPE/AL) e o oficial pronunciado pela 17ª Vara Criminal da Capital. Conforme a denúncia do MPE, Rocha Lima teria encomendado a morte da vítima.

 

Segundo a peça do Ministério do Público, Rocha Lima teria ordenado o crime devido a um suposto desentendimento entre a vítima e o sargento Galvão, à época, lotado no mesmo Batalhão que ele servia.

 

Os autores materiais do crime, o ex-policial civil Miguel Rocha Neto e Anderson Pettyrson Barbosa da Silva, vulgo “Índio”, também sentam no banco dos réus. A data para o julgamento ainda não está marcada.

 

Mas o anúncio do julgamento levou o advogado Antonio Pereira de Andrade Filho, que defende o militar, a emitir uma nota rebatendo as informações sobre o processo por crime de homicídio, no qual foi pronunciado pela 17ª Vara Criminal.

 

A nota diz, em seu final, que embora exista uma sentença de pronúncia é possível e provável que esse júri jamais venha a ocorrer, pois, ao ver da defesa não há nos autos provas hábeis e verossímeis que possibilitem remeter Rocha Lima ou quem quer que seja ao crivo do Tribunal do Júri.

Indigno ao oficialato

 

No dia 28 de dezembro do ano passado o ex-comandante Geral da Policia Militar de Alagoas, coronel Dário Cesar – hoje secretário de Defesa Social, publicou no Boletim Geral Ostensivo, a solicitação da Demissão do Capitão Rocha Lima das fileiras da PM/AL, “por ser considerado indigno ao oficialato e a ele incompatível, e não possuir condições de permanecer nesta briosa de bravos”.

 

A justificativa dada a este pedido, segundo a assessoria de Dário Cesar, é que em 18 anos de Policia Militar o capitão Rocha Lima já respondeu a 20 procedimentos administrativos, a seu desfavor, sendo entre estes três Conselhos de Justificação, por motivos que vão de estupro, desordens em locais públicos, associação ao tráfico e extorsão, a determinações judiciais da 17ª Vara Criminal, por formação de quadrilha.

 

Na época a assessoria da PM encaminhou para a imprensa uma nota esclarecendo que o oficial já havia passado mais de 90 dias na prisão sendo: 18 dias de prisão, em 1995; quatro dias de detenção, em 1998; 60 dias de prisão, em 1999; e 15 dias de prisão, em 2004.

 

O documento diz, ainda, que Rocha Lima “Frequenta lugares impróprios para um oficial de polícia, acompanhado de pessoas associadas a prática de crimes, como são o caso do ex-sargento Medeiros, Alan Costa Lima e o ex-policial civil Miguel Rocha Neto, comprometendo o prestígio e o conceito da Corporação perante a opinião pública”.

 

Temeroso

 

Vivendo com a família em sua residência, fora de Maceió, o oficial hoje diz que virou refém do medo.

 

“Enquanto sou proibido de portar uma arma, os traficantes usam automáticas para matar quem eles querem. Nesse contexto virei refém dentro de minha própria casa. Tenho orado bastante para que o Conselho de Segurança analise meus requerimentos. São quase três meses aguardando pela decisão para que eu possa voltar andar armado. Hoje estou fragilizado”, relatou Rocha Lima.

 

O EMERGENCIA190 ouviu alguns militares – praças e oficiais – que garantem que a ameaça ao capitão é verdadeira, devido o seu combate ao tráfico. Alguns dos militares afirmaram que estão preocupados com a vida de Rocha Lima e de seus familiares e frequentemente vão a sua casa ou telefonam várias vezes por dia como forma de monitorar o que acontece na residência.

 

A mesma preocupação é de representantes das lideranças das diversas categorias da Polícia Militar, a exemplo da Associação dos Oficiais, dos Sargentos e Sub-Tenentes e dos Praças que tentam intermediar uma solução para o impasse.

 

O EMERGENCIA190 tentou neste final de semana ouvir as autoridades envolvidas, através de suas assessorias, a exemplo do secretário Dário César, o comandante da PM, coronel Luciano Silva e o presidente do Conselho de Segurança, advogado Paulo Brêda, mas seus aparelhos celulares, quando não estavam desligados, apenas chamavam.

emergência190 //

antonio c melo



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