Durante o tempo que atuo nas áreas psíquicas, lembro-me de um caso clínico de um(a) paciente que me deixou marcas até hoje. Lembro-me deste caso, devido à desproporcionalidade da reação do(a) paciente; não diante do caso acontecido, mas sim, diante da pequena palavra que constantemente era pronunciada por ele(a). Como se aquela pequenina palavra fosse responsável por todo o sofrimento e agonia que a pessoa estava sentindo naquele
momento.
Eu estava sentado diante dele(a) e, no momento em que falava da sua angustia, repetindo, repetindo, uma pequena palavra; interiormente eu ia me perguntando: como pode uma pequenina palavra monossílaba, composta apenas de duas letras, causar tanta agonia e sofrimento numa pessoa? Pois é; estamos falando da conjunção subordinativa condicional (porque inicia uma oração adverbial condicional), conhecida como “SE”.
ENTENDENDO A VERDADEIRA FUNÇÃO DO “SE"
O SE, sintaticamente parece não ter função nenhuma. Ele pode ser retirado de uma frase sem causar prejuízo ao sentido da mesma (neste caso chama-se: partícula expletiva ou de realce). Na realidade, o valor da função do SE, só está no nosso pensamento. O que pensamos sobre o SE, é o que irá gerar o que iremos sentir. E, geralmente, esse pensamento só nos leva diretamente a culpa. Por isso, vai gerar na gente um tipo de sentimento muito famoso,
conhecido pelo nome de: sentimento de culpa.
Portanto, percebe-se que o "SE" nada mais é, do que a dúvida infinita e a tortura psicológica propriamente dita.
Quem garante que o "se" seria salvador? Ninguém, ninguém mesmo! A situação poderia ter tomado outro rumo,
é bem verdade. Poderia ser um caminho ainda bem pior. Quem garante que não? O “se” indica uma condição futurística, e o futuro ainda não é, não chegou. Quem de nós consegue enxergar mais que o presente? Quem garante que daqui a poucos minutos estaremos vivos? Quem garante que acordaremos amanhã?
O "se" parece muito vazio, pois não contribui em nada para aliviar a dor, ao contrario, aumenta bem mais a dor.
Funciona como um pseudo mecanismo de defesa que ao invés de nos aliviar, vai nos causar mais dor, gerando sentimentos de culpa que irão ficar nos consumindo. O que parece valer mesmo é o "aqui e agora"; o momento; a experiência; a dor e as possibilidades de crescimento a partir da crise que se instala.
A FUNÇÃO DO “SE”, É CAUSAR UM PENSAMENTO DE DÚVIDA INFINITA, QUE NOS CONSOME EMOCIONALMENTE E NOS TIRA A ALEGRIA DE VIVER. É GERAR SENTIMENTOS DE CULPA TEMPORÁRIOS OU PERMANENTES, QUE FATALMENTE, IRÃO DILACERAR A ALMA
DA GENTE.
Dr. Jacinto Martins de Almeida
Psicólogo/Psicanalista/Hipnólogo/Acupunturista
ESPECIALISTA NO TRATAMENTO DE MEDOS E DORES