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Saúde
04/02/2012 14:38:27

Mulheres não estão fazendo mamografia, aponta secretaria.

Mulheres não estão fazendo mamografia, aponta secretaria.
Ilustração

Maceió tem mais mamógrafos que mulheres dispostas a realizarem o exame. Neste dia 4 de fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer, a capital alagoana faz uma constatação preocupante: em 2011, das 64.120 mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos, apenas 13% fizeram o exame.

 

A mamografia é um exame importante para detectar o câncer de mama. “Quanto mais cedo for descoberto, maiores são as chances de cura do câncer”, declara a coordenadora do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, da Secretaria Municipal de Saúde, a ginecologista Lusitânia Barros. “A mamografia é importante, não como diagnóstico, mas como investigação, rastreamento. Quem procura, acha a cura”, afirma.

 

Apesar de ter o exame garantido por lei gratuitamente pelo SUS desde 2008, muitas mulheres se recusam a fazer a mamografia e descobrir um câncer de mama, ou deixam de fazê-lo para não sentir dor. “Cinco segundos de aperto pode significar uma vida”, enfatiza Lusitânia Barros. “A mulher sente dores e suporta tudo: depilação, tira a cutícula, faz a sobrancelha, tem parto normal e consegue suportar tudo isso”, lembra a ginecologista.

 

Segundo a coordenadora, o exame é capaz de detectar tumores de 0,5 centímetros. “Mãos experientes de médicos e enfermeiros conseguem encontrar apenas nódulos de um centímetro apalpando as mamas. Com um nódulo de um centímetro, a mulher já está há oito ou dez  anos com a doença”, informa Lusitânia Barros. No caso de um tumor de dois centímetros, a doença já está instalada há dez anos, e outro de quatro centímetros, a doença está com 12 anos de evolução.

 

Maceió teve 62 óbitos femininos por câncer de mama

 

No ano passado, 62 mulheres morreram vítimas de câncer de mama somente em Maceió, sem contar os mais de 20 casos de óbitos por câncer, cujos tipos não foram identificados, no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). O câncer de mama é o que mais mata mulheres na capital alagoana, por isso que o autoexame é fundamental, conforme alerta a ginecologista Lusitânia Barros, coordenadora do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, da Secretaria Municipal de Saúde.

 

As mulheres devem fazer o auto-exame das mamas na semana seguinte à menstruação, apalpando-as, em movimentos circulatórios. “A responsabilidade da cura está em nossas mãos, quanto mais cedo a descoberta, maiores são as chances de recuperação total”, enfatiza a ginecologista.

 

Apesar de a mamografia ser garantida pelo SUS para as mulheres a partir dos 40 anos de idade, é na faixa etária dos 50 a 69 anos que está a maior incidência do câncer de mama em mulheres.
Em 2008, segundo o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, entre mulheres de 30 anos o risco de ter câncer de mama era de uma em 2.212 mulheres. Aos 60 anos, o risco era consideravelmente maior: uma em cada 23 mulheres.

 

A coordenadora conta ainda que no Brasil, 2% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em homens.

 

Fatores de risco

 

Os fumantes, etilistas e pessoas que estão acima do peso estão mais propícios a terem câncer de mama, além dos que têm histórico familiar. “Entre dois e 20 quilos acima do peso, a mulher aumenta em 20% as chances de ter a doença”, informa Lusitânia Barros. (A.T.).

 

Vítimas terão mamas reconstruídas

 

Mulheres que fizeram mastectomia - retirada da mama - devido ao câncer vão passar por cirurgias plásticas para a reconstrução mamária, no primeiro mutirão do gênero realizado em Alagoas. As triagens já estão acontecendo e as cirurgias serão feitas entre o dia 5 e 9 de março, durante a semana da mulher e envolverá 15 profissionais voluntários.

 

O cirurgião plástico Lourival Cézar de Oliveira explica que a cirurgia vai levar tecido da região das costas ou do abdômen para o local do seio, para substituir o tecido retirado na mastectomia. “Com a prótese de silicone, os seios vão ficar semelhantes aos que elas tinham anteriormente”, esclarece o médico.

 

A proposta do mutirão das mastectomizadas partiu da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que contou rapidamente com a aceitação e o envolvimento do Ministério da Saúde. De acordo com o cirurgião plástico, há uma perspectiva de dar continuidade aos trabalhos atendendo ainda mais mulheres.

 

Entre os requisitos para fazer a cirurgia reconstrutora da mama, estão: ter obtido a cura da doença, não ser fumante, hipertenso e diabético, e não ser portador de outras doenças que impossibilitam uma cirurgia.


Os procedimentos serão realizados em três hospitais de Maceió: Sanatório, Usineiros e Santa Casa. “A cirurgia vai tirar das mulheres o sentimento de mutilação”, ressalta Lourival Oliveira.

 

Aposentada será a primeira a fazer reconstrução do seio

 

A ansiedade toma conta da funcionária pública aposentada, Maria Madalena Melo Matos, que será a primeira mulher a fazer a cirurgia plástica reconstrutora da mama no mutirão em Alagoas. Por ter um histórico de câncer na família, a aposentada sempre se cuidou. Todos os meses, ela fazia o autoexame e a cada seis meses realizava a mamografia, para monitorar uns nódulos que apareceram na mama esquerda, mas o câncer surgiu em sua mama direita.

 

“Descobri o tumor em 2005, durante o banho. Fazia seis meses que eu tinha feito a mamografia e não tinha dado nada”, relata. Em menos de um mês do diagnóstico, ela fez a cirurgia para a retirada total da mama direita.

 

Madalena perdeu a mãe e a irmã vítimas do câncer de mama. Elas morreram com 32 e 52 anos respectivamente. “Minha mãe morreu com a idade que eu tenho hoje, e há cinco anos estou livre do câncer”, declara. Atualmente, Madalena usa uma prótese de silicone externa que também é distribuída pelo SUS, e segundo ela, é bem adaptável.

 

Apesar de a cirurgia reconstrutora ser garantida por lei, Madalena lutou na Justiça por dois anos.

 

ONG atende há seis anos

 

Criada em 2005 para dar apoio às mulheres que tiveram câncer, a ONG Renascer atualmente atende 120 mulheres, sendo considerada de utilidade pública pelo trabalho desenvolvido.

 

“O trabalho da ONG é fundamental para as mulheres que lutaram e ainda lutam contra a doença, principalmente quando a família as abandona, e aí vem a depressão”, ressalta Maria Madalena Melo Matos, mastectomizada há cinco anos e membro da instituição.

 

Madalena teve o apoio da família, mas relata casos vivenciados por mulheres da ONG Renascer, que foram abandonadas pelos maridos antes mesmo de fazerem a cirurgia. A aposentada fala ainda que a ONG, integrante da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio a Saúde (Femama), conta com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, mastologistas, fonoaudiólogos dentre outros.

 

A ONG Renascer não é só para as mulheres. Madalena Matos conta que um homem é atendido na organização, fazendo parte dos 2% dos casos de câncer de mama masculino que ocorrem no Brasil.


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andrezza tavares