Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado este mês por meio da pesquisa “Presença do Estado no Brasil”, apontou que quase metade dos professores de Ensino Médio e Fundamental do Estado de Alagoas não têm formação superior.
Conforme os dados da pesquisa, dos 27,9 mil docentes do Estado, 15,3 mil têm formação superior e 12,6 mil não têm, o que representa 45% do total. Para a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado de Alagoas (Sinteal), Maria Consuelo Correia, isso se deve à falta de políticas de formação continuada e valorização profissional da educação, no setor público.
“Formação e valorização caminham juntos e esta é a nossa luta. Os professores recebem baixos salários, como é que vão pagar uma formação continuada?”, indagou Consuelo Correia.
“Não vemos a falta de formação continuada do profissional de educação como acomodação, mas sim, como falta de oportunidade, de acesso a esta formação”, acrescentou. Segundo a sindicalista, a falta de formação continuada reduz a qualidade do ensino ao ponto de professores não saberem alguns assuntos e ‘pularem’ capítulos, ensinando apenas o que sabem para o alunado.
Embora já exista oferta razoável de cursos superiores em Alagoas, poucos profissionais da educação têm acesso ou mesmo condições de financiá-los. De acordo com Gorete Amorim, conselheira da Câmara de Educação Básica, os baixos salários pagos em média aos docentes da educação pública têm dificultado a manutenção dos melhores profissionais nos quadros do magistério.
Em 1996, a Lei de Diretrizes de Base (LDB) exigiu que todos os profissionais que exercem o magistério procurassem fazer o ensino superior, porém a exigência legal não teria sido atingida por não condizer com a realidade, conforme defende a conselheira.
Gorete Amorim deu o exemplo de um professor que reside no interior e leciona por lá. Segundo ela, esse docente não teria condições de se deslocar para a capital. “Então há uma carência de cursos superiores no interior, por esta razão o profissional fica condicionado. Qual a condição objetiva para que se melhore a manutenção profissional no sentido de financiar um curso superior? Existe uma distância no que a lei estabelece e as condições práticas de alcançá-la”, lamentou.
A Secretaria de Estado da Educação informou, por meio de assessoria, que possui uma política de planejamento para a formação inicial de professores, ou seja, a formação para aqueles que não têm curso superior. Todas as ações dessa política, segundo a assessoria, têm como principal ponto o programa Universidade Aberta, que oferece cursos superiores gratuitos à distância, que podem ser acompanhados pelos pólos no interior de Alagoas. Atualmente, a rede estadual de ensino teria 300 professores sem graduação.
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ana paula omena