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Opinião
22/01/2012 23:45:38

Curto-Circuito emocional

Curto-Circuito emocional
Dr. Jacinto Martins - Autor

Já li muitos artigos que diz: somos responsáveis pelo que fazemos e não, pelo o que sentimos. Somos responsáveis pelos nossos atos e não, pelos nossos sentimentos.

 

Aprendemos ao longo do tempo, através de informações dos neurocientistas que os atos são conscientes, voluntários e dependem da nossa vontade; exceto, os atos instintivos, também conhecidos como atos automáticos. Já os sentimentos são involuntários, não dependem da nossa vontade; simplesmente, os estímulos internos ou externos acontecem, desencadeiam os sentimentos e nada podemos fazer para impedi-los. Podemos citar como exemplo: amor, raiva, desejo, atração, alegria, tristeza, angustia, preocupação, inveja, e medo, etc.

 

É verdade, os sentimentos não podemos evita-los, são involuntários, independem da nossa vontade. Mas os sentimentos tendem levar a uma ação; essa ação é o que chamamos de atos e os atos podem ser contidos, porque são conscientes. Por isso, existe essa afirmação: “somos responsáveis pelo que fazemos”. Isto quer dizer, que não existe nada de errado em sentirmos algo de qualquer natureza; mesmo aqueles sentimentos que vão de encontro aos nossos princípios morais, a nossa ética e as normas sociais. Porém, o errado seria a realização desses
sentimentos, pois quando ocorre à realização, estamos praticando um ato. Em outras palavras podemos afirmar: que devido a involuntariedade podemos sentir qualquer coisa; porém, só não podemos realizar voluntariamente qualquer coisa. Porém, esses sentimentos incompatíveis com os nossos princípios éticos, morais e que não são aceitos pelas normas sociais, acontecem; se transformam em atos. Por quê?

 

Para começar, devemos saber que cada pessoa é única, a personalidade é única, assim como as impressões digitais. É por esse motivo que existem as diferenças individuais, ou seja, as pessoas pensam, sentem, agem e reagem de formas diferentes a determinados estímulos. Por isso, a reação a um sentimento (repressão ou realização) depende de vários fatores; podemos citar como o principal: “a intensidade e duração do sentimento”.

 

Dentro do nosso cérebro que chamamos de cognitivo, existe outro cérebro; com uma estrutura diferente, uma organização celular diferente. Esse segundo cérebro é inconsciente, preocupado com a sobrevivência e voltado para o interior, é responsável pelos sentimentos. Controla tudo o que governa o nosso bem estar psicológico. Este cérebro chama-se emocional ou cérebro límbico. Já o outro cérebro, o cognitivo – consciente e voltado para o exterior; é responsável pelos pensamentos, pela linguagem, pela atenção, concentração e pelo o controle dos impulsos, instintos e pelo comportamento moral. É um componente essencial para nossa humanidade.

 

Esses dois cérebros, estão altamente conectados e dependem constantemente um do outro. Trabalham integrados, recebem informações do mundo exterior mais ou menos simultaneamente. Quando recebem essas informações, eles podem cooperar ou competir entre si pelo controle dos pensamentos, das emoções ou dos comportamentos.


Essa cooperação ou competição é quem vai determinar o que vamos sentir. Se competirem, seja lá qual a forma, irá nos causar infelicidade e certamente nos levará ao curto-circuito emocional.

Quem nunca ouviu essas frases: Eu não devia ter feito isso... Não acredito que eu fiz isso... Não sei onde estava com a cabeça quando fiz aquilo? Isso nada mais é do que o curto-circuito emocional. O cérebro cognitivo através dos pensamentos controlam os sentimentos. No entanto, quando um sentimento é muito intenso, muito forte; o pensamento perde o controle sobre ele eo cérebro cognitivo sai do ar; como consequência desse apagão cognitivo, o sentimento vai a tona e se realiza. Isso é o que chamamos de curto-circuito emocional.

 

Quem nunca ouviu essas frases: Eu não devia ter feito isso... Não acredito que eu fiz isso... Não sei onde estava com a cabeça quando fiz aquilo? Isso nada mais é do que o curto-circuito emocional. O cérebro cognitivo através dos pensamentos controlam os sentimentos. No entanto, quando um sentimento é muito intenso, muito forte; o pensamento perde o controle sobre ele e o cérebro cognitivo sai do ar; como consequência desse apagão cognitivo, o sentimento vai a tona e se realiza. Isso é o que chamamos de curto-circuito emocional. Comparado com as
instancias psíquicas, podemos afirmar que houve uma falha do superego (censura moral).

 

Então eu pergunto: somos responsáveis pelo que fazemos e não pelo o que sentimos? Pelo o que sentimentos, é pura verdade. Não somos responsáveis pelo o que sentimos, porque é involuntário. Quanto à responsabilidade pelos nossos atos, isso é muito complexo. Se o ato for praticado voluntariamente, de livre e espontânea vontade, somos responsáveis sim. Se for praticado por um curto-circuito emocional, um apagão cognitivo; ele não deixa de ser um
ato, só que este ato nós não tivemos a intenção de praticá-lo.

 

Janeiro de 2012

Dr. Jacinto Martins de Almeida

Psicólogo/Psicanalista/Hipnólogo/Acupunturista