Depois de um julgamento histórico – até pela duração, já que no último dia consumiu praticamente 24 horas –, o médico e ex-deputado federal Talvane Albuquerque foi condenado a uma pena total de 103 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. Os jurados, no veredito, confirmaram que Talvane foi o mandante da Chacina da Gruta, o assassinato da deputada federal Ceci Cunha e de três parentes dela, em 16 de dezembro de 1996. ele também foi condenado a pagar indenização de R$ 100 mil à família das vítimas.
Todos os cinco réus foram condenados por quatro homicídios qualificados, com diversos agravantes. Jadielson Barbosa e José Alexandre (o Zé Piaba) foram condenados às maiores penas, já que a acusação conseguiu provar que os dois foram autores dos tiros que mataram as quatro vítimas. Alécio Alves e Mendonça Medeiros tiveram penas menos longas porque o júri considerou que participação dos dois foi menos importante.
A primeira pena a ser anunciada pelo juiz André Tobias Granja foi a de Jadielson Barbosa. Ele foi condenado por quatro homicídios qualificados (por motivo torpe, mediante recompensa, sem possibilidade de defesa da vítima e, em três deles, para assegurar a impunidade de outro crime). A pena fixada pelo juiz é de 105 anos de prisão em regime fechado.
Alécio Alves Vasco foi condenado à pena de 87 anos e três meses, também em regime fechado, com os mesmos agravantes de Jadielson, apenas com o atenuante de "participação de menor importância". Esse mesmo atenuante deve ser aplicado a Mendonça Medeiros, já que os jurados também consideraram que ele teve participação de menor importância.
José Alexandre dos Santos, o Piaba, foi condenado a 105 anos de prisão em regime fechado. Foi o terceiro condenado pela Chacina da Gruta a ter a pena anunciada pelo juiz André Tobias Granja.
Mendonça Medeiros, também condenado, pegou a pena menor: 75 anos e 7 meses de prisão, também em regime fechado. Sua participação foi a de "apontar" as vítimas e dar fuga aos cúmplices. Os jurados consideraram, como redutores da pena, que Mendonça não estava presente na cena do crime e não realizou disparos contra as vítimas.
Plateia reclama da demora
Durou quase oito horas o intervalo na sessão de julgamento da Chacina da Gruta, no auditório da Justiça Federal. Os trabalhos no plenário foram interrompidos por volta das 20 horas da quarta-feira (18) e às 3h50 desta quinta-feira (19), ainda não haviam sido retomados. Os jurados estão confinados em uma sala, respondendo a um longo questionário feito pelo juiz André Granja e votando o veredito.
Muitas pessoas reclamam de cansaço, de sono e da falta de informações sobre o reinício do julgamento. Reclamam, sobretudo, do fato de o juiz André Tobias Granja, ao invés de prosseguir até alta madrugada com o julgamento, não ter interrompido no final dos debates entre acusação e defesa, na noite de quarta, e reiniciar na manhã de quinta, para que todos pudessem repousar, inclusive os próprios jurados, obrigados a trabalhar intensamente depois de passar o dia inteiro atentos aos debates entre acusação e defesa. Parte da plateia desistiu e foi embora.
No longo intervalo, réus relaxam
Durante o longo tempo em que a sessão de julgamento do Caso Ceci foi suspensa e os sete jurados se recolheram a uma sala para responder por escrito ao questionário e fazer a votação do veredito, o auditório ficou praticamente vazio. Até os cinco réus tiveram permissão para ficar em outro local.
À 0h45, a plateia aos poucos começou a retornar a seus lugares, sinal de que o reinício do júri estava próximo. Mas ainda demorariam bastante.
Talvane, Jadielson, Alécio, José Alexandre e Mendonça Medeiros voltaram para o banco dos réus e ali ficaram durante mais de uma hora e meia, à espera do reinício.
Os cinco, aparentemente sem se dar conta de que a câmera de TV continuava ligada – e transmitindo as imagens para o Tudo na Hora – pareciam relaxados. Conversavam longamente com um homem de blusa listrada. O homem, que usava óculos, crachá e ficara bastante tempo de pé, em frente a eles, resolveu sentar-se no banco dos réus, entre Talvane e Jadielson, no lugar de Alécio, que havia saído, e não parava de conversar animadamente com os réus.
Os réus bocejavam e às vezes sorriam no meio da conversa. Jadielson mascava chicletes todo o tempo. Pouco depois das 2 horas, Jadielson, que frequentemente passava as mãos no rosto aparentando sono, pôs uma das mãos sobre os olhos e ficou imóvel, como quem cochila. Depois, olhou várias vezes o relógio, aparentando impaciência.
Talvane, que já havia tirado o paletó (manteve a gravata) e arregaçado as mangas da camisa, resolveu esticar as pernas e saiu circulando pelo auditório. Os outros quatro réus fizeram o mesmo, e aproveitaram para tomar o cafezinho que era distribuído.
Na leitura das sentenças, Jadielson dorme
Jadielson Barbosa, o primeiro a receber a sentença (105 anos), cedeu ao cansaço e, sdurante a leitura das penas dos outros condenados, dormia, de braços cruzados e às vezes "batendo cabeça".
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