A situação das Delegacias de Maceió é de caos e abandono. Há quase um ano, a maioria dos distritos passou por reformas, que não foram concluídas, deixando uma verdadeira bagunça. As obras deveriam durar apenas 60 dias, como isso não aconteceu, o 3º distrito, na Levada, acabou tendo que ser fechado e passou a atender numa sala na Central de Polícia, enquanto o restante trabalha de forma precária.
No 7º DP, que fica na Pitanguinha, a delegacia funciona no “arrumadinho”. A obra que custou aos cofres públicos R$ 83.666, 24 era a esperança de organização e mais estrutura. Porém, restou um prédio inacabado, sem piso na maioria das salas e paredes quebradas. “Já tem alguns meses que a construtora parou de trabalhar. Já chamei o Serveal para avaliar essa situação, mas nada foi feito. Tivemos que arrumar as salas, tentar organizar os espaços, para conseguir trabalhar melhor”, contou o delegado Denisson Albuquerque.
Na entrada da delegacia o mofo e a fiação elétrica amostra, enfeitam o teto. O piso, que deveria ser de cerâmica foi trocado por uma mistura de cimento e brita. No jardim de inverno, que deveria ser tomado de plantas, ficou um buraco na parede, que teve de ser fechado com tijolos colocados pelos próprios policiais, numa tentativa de deixar o local um pouco mais seguro.
Situação é crítica nos distritos de Maceió
Uma das situações mais caóticas está na delegacia do 3º Distrito Policial, na Ponta Grossa. Em setembro desse ano, o Ministério Público Estadual realizou uma vistoria no local e encontrou o delegado, atendendo na porta, por causa da falta de estrutura. O prédio que também passou pela reforma, que ficou inacabada, não tinha condições de funcionamento. Após a denúncia, o atendimento passou a acontecer numa sala, na Central de Polícia, no Prado. Porém, o problema da obra, que custou R$ 68.676,60, continua.
Na a reportagem de O JORNAL esteve no local e encontrou apenas dois policiais, tomando conta do prédio. As salas estavam cobertas de poeira, a maioria sem porta, o banheiro interditado e os documentos, como inquéritos e laudos, espalhados pelo chão, sem ter local adequado para o arquivamento.
Abandono de prédios atrai criminosos
Abandono – No prédio onde funcionou por vários anos a Delegacia do 1º Distrito Policial, que ficava na Levada, só restou entulho. Abandonado, o local tem sido saqueado a cada dia e usado como ponto de uso de drogas. De acordo com informação extra oficial, esse prédio pertence ao patrimônio do Estado.
A reportagem de O JORNAL chegou a flagrar na manhã de ontem, um morador de rua, roubando revestimento de madeira do prédio. “Essa casa está abandonada. Precisava comer e resolvi entrar para pegar madeira. Vou tentar vender e tirar um dinheiro extra”, comentou Pedro Nunes dos Santos. “Acho que não tem dono esse prédio. Lá dentro só tem entulho e serve para o povo entrar e usar drogas. Eu só entrei porque precisava de dinheiro para comer”.
Sindpol enviou ofício ao MP com irregularidades
Diante de tantos problemas e de uma situação de caos, o Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol) também enviou um oficio para o Ministério Público Estadual, para a Fazenda Pública Estadual, pedindo que sejam investigadas as irregularidades dessas obras. No documento enviado pelo sindicato, eles afirmam que houve uso indevido de verba pública, pois, parte dos prédios haviam passado por obras há dois anos; que os valores apresentados nas placas apresentam custos incompatíveis com o que foi realizado dentro das delegacias, além de irregularidades no processo de licitação, que ocorreu após as obras serem iniciadas.
“A situação é alarmante. Eles fizeram essas reformas, que não foram concluídas. Usaram o dinheiro de forma errada, investindo em delegacias que já tinham sido reformadas, enquanto outras funcionam de forma precária, em casas alugadas, sem estrutura compatível ao trabalho policial”, contou Josimar Melo, diretor do Sindpol. “Essas reformas se tornaram um caso de empurra, onde a Delegacia Geral passa a responsabilidade para Serveal e Defesa Social, enquanto nada é feito. Tem delegacias que foram gastos mais de cem mil e apenas o piso foi trocado. É absurdo e o pior, os recursos para finalização já foram liberados e nada foi feito”.
O oficio do Sindpol foi entregue aos promotores Cecília Carnaúba e Jammil Barbosa, que já solicitaram respostas da Secretaria de Defesa Social. “A informação que temos é que as obras foram suspensas, devido a uma redefinição do serviço que estava sendo prestado. Requisitei a Defesa Social o processo de contratação, para fazer uma análise do que aconteceu. Demos um prazo, eles não cumpriram e agora, demos outro e estamos esperando. Dependendo do que for enviado, devemos também fazer uma visita nos prédios reformados, para avaliar o que foi feito”, explicou o promotor Jammil.
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láyra santa rosa