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14/12/2007 00:00:00

Interior


Interior

A falta de um apoio das autoridades de segurança, tem provocado o afastamento de passageiros que procuravam com freqüência a travessia fluvial de Maceió para o município de Coqueiro Seco, há 35 quilômetros da capital alagoana. Uma viagem de apenas 30 minutos com um visual convidativo a ser registrado fotograficamente.

"Há alguns anos este porto da lancha na Levada, era repleta de turistas que apreciavam a beleza natural do lugar cercado por uma vegetação do pouco que ainda resta da nossa mata atlântica. Hoje, chegar no porto para fazer esse tipo de travessia é arriscar a vida, porque todos os dias desocupados e principalmente usuários em drogas, assaltam os passageiros em plena luz do dia e não se pode dizer nada porque não existe polícia e ninguém é louco em reagir a um assalto,onde menores de 15 anos andam armados ostensivamente e qualquer reação eles atiram. Estamos todos desprotegidos", disse Anderson dos Santos, que justamente com os cunhados são os proprietários de duas embarcações Renascer I e II, de 20 e 40 lugares.


A equipe de reportagem resolveu fazer a travessia da lagoa Mundaú, até o município de Coqueiro Seco, para registrar as belezas naturais do lugar que tem o nome originário dos encontros freqüentes de mercadores e viajantes à sombra de um coqueiro de palhas queimadas diferenciando das demais, onde eram realizados grandes negócios. Anos depois,  os missionários da Ordem dos Franciscanos, que se encantaram com a topografia do local que apresentava planos altos e baixos, queriam mudar sua denominação para Monte Santo, mas acostumados com o antigo nome da cidade, os habitantes ignoraram os franciscanos e mantiveram o nome de Coqueiro Seco.

O descaso

O primeiro descaso está no porto da Levada, onde há seis anos o local reservado para o embarque foi incendiado por vândalos e a ponte para se chegar até a embarcação, ainda é de madeira. A partir desta quinta-feira (13) os horários para a travessia são os seguintes: Maceió - Coqueiro Seco, às 5 horas da manhã, 6, 10, 11h30, 13h30, 14 horas, 16h30 e às 18 horas. A passagem para a travessia custa R$ 2, somando com a volta são 8 viagens diárias. A equipe iniciou a viagem no Renascer I, embarcação de  11 metros de comprimentos e 2.40m de largura, puxada por um motor  de 96 cavalos, com capacidade para 20 pessoas, para uma viagem de 6 quilômetros feitos em 30 minutos.


Ao deixar o porto se avista ao longe várias comunidades que margeiam a  lagoa Mundaú, dentre elas o bairro de Bebedouro, todas encobertas parcialmente pelo pouco que resta da reserva florestal. Do lado esquerdo, a comunidade do Pontal da Barra que desaparece na medida em que a embarcação de aproxima do destino.   Do lado direito algumas garças pegando carona nos agarapés. Dentro da embarcação 15 pessoas, faltaram cinco para completar a lotação. "Mesmo assim a gente tem que viajar porque não vamos prejudicar nossos passageiros. A capacidade desta embarcação é de 20 passageiros, mas nós estamos equipados com 30 salva-vidas", informou Anderson, responsável pelo funcionamento do motor, que depende da habilidade do timoneiro Valmar para a viagem ser realizada com segurança.

Roubada

 Dona Maria José tem 32 anos e é comerciante no mercado. "Na verdade a insegurança está fora do barco. Ela começa no porto da lancha onde os ladrões se reúnem e armados nos roubam. Eu mesma comprei um DVD no comércio, a prestação, e quando cheguei no porto fui rendida por um garoto que tinha apenas 16 anos, estava de bicicleta e armado de revólver. Me rendeu e tomou o meu aparelho de DVD. Outras pessoas que estavam na embarcação também confirmaram terem sido vítimas de ladrões.

"Pela falta de policiamento no porto, os passageiros deixaram de utilizar a embarcação com freqüência, principalmente às 18 horas quando começa a escurecer. Eu só pego a embarcação porque nós nos deslocamos em grupo, o que fica mais difícil de sermos abordadas, mas mesmo assim ainda tememos porque esses pequenos delinqüentes estão sempre com armas de fogo", disse uma passageira. No trajeto, os passageiros não se falam. Uns procuram ler alguma coisa enquanto outras curtem as paisagem verdes do lugar e as imagens de pescadores que trabalham com redes e tarrafas  na luta pela sobrevivência do dia-a-dia.

O outro lado da história    

A partida pouco difere da chegada, no que diz respeito ao descaso do município. A ponte de Coqueiro Seco, de madeira, é bem pior que a da Levada. No prolongamento até a margem, existem vários buracos e madeiras apodrecidas ameaçam cair, o que causaria acidentes de proporções incalculáveis, principalmente com crianças. Ao chegar na cidade logo se vê pessoas da terceira idade, conversando ou jogando dominó, uma terapia diária para aqueles moradores em sua maioria pescadores e rendeiras. É visível a falta de uma estrutura de base a ser implantada pelo município para desenvolver a cultura local e atrair mais turistas.


com alemtemporeal // Cícero Santana

 



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