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Economia
10/12/2011 23:32:27

Banco do Brasil fechou negócio bilionário sem parecer técnico


Banco do Brasil fechou negócio bilionário sem parecer técnico
Aldenir Benide Presidente do Banco do Brasil

Funcionário de carreira do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine começou na instituição como contínuo aos 14 anos de idade. Já são 33 anos de casa. Dida, como é conhecido internamente, galgou vários postos até alcançar o cargo máximo do BB em abril de 2009, quando assumiu a cadeira de presidente. Oriundo do governo Lula, Bendine chegou à administração da presidente Dilma Rousseff cercado de rumores de que não permaneceria no cargo. Bendine não queria sair. E estava disposto a jogar o jogo que o governo quisesse – ou melhor, o jogo que alguns integrantes do governo queriam. Ele jogou. Mas a situação se complicou.

Em maio, tomou uma decisão que agora está lhe causando problemas internos no governo. Naquele mês, o BB decidiu pagar R$ 2,3 bilhões para explorar serviços bancários na rede de agências dos Correios, o Banco Postal. Pelos próximos cinco anos, o BB terá à disposição cerca de 6.200 pontos de atendimento e aproximadamente 10 milhões de clientes. Aparentemente, trata-se de um bom negócio, que contou com a bênção do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a quem os Correios estão subordinados. A entrada firme do Banco do Brasil na disputa foi encarada pelo governo como uma oportunidade única para alavancar a receita dos Correios, há anos em crise, com sérios problemas na entrega de correspondências. Mas a conta saiu cara demais para o BB. Pior: o banco simplesmente desconsiderou um procedimento aplicado em todos os negócios de magnitude semelhante. Dispensou a contratação de um parecer denominado fairness opinion (opinião justa), um documento produzido por auditorias externas para quantificar o valor de um determinado negócio e salientar riscos para os acionistas das empresas.

Há menos de um mês, o secretário executivo do Ministério da Fazenda e presidente do Conselho de Administração do BB, Nélson Barbosa, prestou atenção a esse episódio. Ele pediu explicações à diretoria do banco sobre a falta do parecer. Começava ali uma ginástica engendrada por Bendine e sua equipe para explicar a transação que ele julgava ter agradado a todo o governo.

A oferta do BB superou em R$ 50 milhões o lance final do Bradesco, que opera o Postal há dez anos e sabe, como nenhuma outra instituição, quanto o negócio vale. ÉPOCA
apurou que o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, classificou como “irracional” o preço oferecido pelo BB. Trabuco afirmou a pessoas de sua confiança que o próprio Bradesco se excedera quando deu um lance de R$ 2,25 bilhões. Em 2001, quando o Bradesco venceu a disputa para explorar os serviços bancários nas agências dos Correios por dez anos, pagou R$ 200 milhões no leilão. Atualizado pela inflação, esse montante não chega a R$ 450 milhões, hoje. Para o Bradesco, o Banco Postal transformara-se não somente numa rede de atendimento complementar, mas em parte vital de sua estratégia de marketing. Significava anunciar na TV sua “presença” em todo o país.

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