Em espaço doado pelo governo do Estado, será inaugurado na próxima segunda-feira a Fazenda da Esperança, instituição da Igreja de apoio à recuperação de jovens dependentes de drogas, trazida para o Estado pela Arquidiocese de Maceió. O imóvel fica às margens da Lagoa Mundaú, numa área de 9,4 hectares.
Com capacidade para alojar 30 pessoas, a Fazenda da Esperança dispõe de dormitórios, piscina, biblioteca, ampla sala de estar com TV, ambiente para estudos e espaço para reuniões. Há ainda refeitório, santuário e capela.
“Nossa concepção de trabalho será simples. A Fazenda da Esperança não é uma clínica de desintoxicação. É um centro de apoio no qual o jovem precisa querer fazer parte e aceitar as regras de convivência. Nossa atuação se baseará em três princípios básicos: espiritualidade, trabalho e vida comunitária”, define Dom Antônio Muniz, arcebispo de Maceió.
A Fazenda da Esperança vai agrupar apenas jovens do sexo masculino, com idade a partir dos 14 anos de idade. Oito deles já estão instalados no centro de apoio há uma semana. “E há fila de espera. Oitenta pessoas já se inscreveram para buscar apoio aqui na nossa instituição”, afirma Dom Antônio Muniz.
Segundo ele, mesmo antes de abrir as porta oficialmente, a Fazenda já conta com o trabalho voluntário de muita gente, inclusive de jovens que já fizeram parte de uma das 32 Fazendas da Esperança existentes no mundo. “Aqui temos voluntários do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte e Maranhão e até de outros países como Moçambique, Rússia, Alemanha, Ucrânia e Argentina”, enumera, mencionando que esses voluntários atuarão como missionários para dar apoio aos jovens alagoanos.
Embora a instituição tenha recebido muitas doações e ajuda de voluntários até agora – a obra de reforma do imóvel foi custeada pela comunidade de Maceió – ela terá caráter auto-sustentável. “Dispomos de 800 coqueiros, criação de ovelhas, galinhas e uma roça onde os jovens poderão cultivar frutas e hortaliças. Estamos com um projeto de beneficiar alguns produtos e comercializar rapadura, doces, polpas de fruta e artesanato”, explica o arcebispo, mencionando que os jovens atuarão nessas iniciativas.
Positivo - Além de trabalhar, os jovens encontrarão apoio médico, quando necessário, oferecido por profissionais voluntários, como psicólogos, psiquiatras e médicos. Lá também encontrarão suporte espiritual oferecido por membros da Igreja Católica. A idéia de criação da Fazenda da Esperança em Alagoas partiu do arcebispo, em maio deste ano. Ele conheceu o espaço e logo vislumbrou a possibilidade de adaptá-lo para a função atual. “Quando o governador soube do nosso projeto acenou positivamente, afirmando que a casa era nossa”, conta.
De acordo com Dom Muniz, a criação da Fazenda foi muito oportuna. Pois, em Alagoas, ainda não há instituições de apoio com este porte. Contudo, a demanda é grande. “O que temos são grupos de apoio como o Amor Exigente, a Comunidade de Jericó e a Esperança Viva e, em termos de tratamento clínico, o Portugal Ramalho. Ou seja, faltava aos jovens de Alagoas uma instituição com o perfil da Fazenda da Esperança”, afirma. O arcebispo já tinha participado de projetos semelhantes desenvolvidos na Paraíba e em Garanhuns (PE).
Segundo ele, apesar do alto nível de informação sobre as conseqüências graves do consumo das drogas sobre a saúde física e mental, os jovens de hoje são facilmente seduzidos pelo mundo do narcotráfico. “São tantas as razões que podem levar os jovens a usarem entorpecentes, entre elas, está a falta de perspectivas e oportunidades, a deterioração dos núcleos familiares, a falta de ética e até a falta de fé”, analisa.
Planos - Por isso, apesar da sensação de dever cumprido com a inauguração da Fazenda, o arcebispo já está com novos planos. “Agora pretendo criar uma instituição com este mesmo perfil, mas voltada para o público feminino. Para tanto já estou buscando um outro espaço maior e ainda mais seguro, que tenha ampla área de lazer – já que boa parte das jovens usuárias de drogas tem filhos”, diz.
Quem quiser buscar apoio na Fazenda da Esperança deve se encaminhar à Casa dos Cursílios, localizada na rua Ângelo Neto, Farol. Lá, a equipe de atendimento dará informações sobre como proceder.
por Assessoria