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Dois cães abrigados na porta de entrada e um matagal revelam o abandono do Centro de Educação Profissional e Tecnológica Aurélio Buarque de Holanda, no conjunto Colina dos Eucaliptos, no bairro do Tabuleiro do Martins. O local construído há mais de quatro anos e que tem capacidade para preparar mais de mil jovens alagoanos para o mercado de trabalho por ano nunca funcionou, o que revolta os moradores do bairro.
O tema foi debatido no plenário da Câmara Municipal de Maceió, que vai montar uma comissão para investigar o não funcionamento do centro, o que levou a reportagem do Tudo na Hora a ir até à Colina dos Eucaliptos para constatar as denúncias de abandono. No estabelecimento de ensino, que fica numa área de pouco movimento, não há qualquer funcionário da rede estadual de ensino, sequer, para fazer a guarda do prédio.
No local, apenas dois cães usam a sombra da área de entrada como abrigo. As janelas gradeadas evitam o pior, que são os furtos, tão comuns nas escolas públicas. Mas, segundo moradores da região, a estrutura externa do prédio e o verdadeiro matagal no terreno é um esconderijo de usuários de drogas.
O armador de móveis José Florêncio, que mora próximo ao centro de educação, conta que há mais de quatro anos o prédio foi concluído, mas nunca viu um aluno entrar no local para estudar. “Todo período eleitoral, eles limpam tudo, chamam o povo e dizem que vai funcionar. Ano passado, chegaram até a fazer inscrições, mas nunca teve um curso. É triste porque tenho dois filhos de 13 e 17 anos que podiam estar aprendendo uma profissão aí”, lamentou.
Outra moradora da região, dona Maria de Lourdes de Souza, afirma que o local que era para ser uma escola virou um ponto de encontro de marginais. “Não sei como ainda não arrancaram essas grades para vender e invadiram tudo. Tanta gente querendo estudar e um prédio novo deste abandonado”, criticou.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), Célia Capistrano, afirmou que a entidade vem cobrando do governo da Secretaria de Educação uma ação urgente para que o Centro Aurélio Buarque de Holanda seja colocado em atividade. “Diante da carência de escolas profissionalizantes, uma estrutura daquelas parada é um absurdo. Vamos continuar cobrando até que ela realmente comece a preparar os jovens para o mercado de trabalho, já que o dinheiro público foi gasto com este objetivo”, disse a sindicalista.
A reportagem do Tudo na Hora entrou em contato com a Secretaria de Educação e a assessoria de Comunicação informou que houve uma reunião na manhã de hoje justamente para discutir ensino profissionalizante e que a pasta está trabalhando para que o Centro Aurélio Buarque de Holanda seja colocado em funcionamento o mais rápido possível.
Em maio, a Secretaria de Educação chegou a emitir uma nota informando que, no segundo semestre, o centro iria iniciar um curso com 270 alunos e que a meta é formar mais de mil jovens por ano quando o local estiver em funcionamento.
