Na tarde desta segunda-feira (29/12), Jair Bolsonaro, ex-líder do Brasil, foi submetido a uma segunda operação para tratar uma crise persistente de soluços. A equipe médica do hospital DF Star, em Brasília, garantiu que ele permanece estável e que ficará sob observação por pelo menos 48 horas, com previsão de liberação no dia 1º de janeiro.
No sábado anterior (27/12), o ex-presidente passou por um primeiro procedimento de bloqueio do nervo frênico, responsável pelo controle do diafragma, no lado direito. Agora, o procedimento foi realizado no nervo esquerdo.
Essas intervenções fazem parte de uma série de dez cirurgias às quais Bolsonaro foi submetido desde o incidente de 2018, quando foi atingido por uma facada durante sua campanha presidencial.
Na última quinta-feira (25/12), Bolsonaro também foi operado para corrigir hérnias na região da virilha, procedimento que, de acordo com Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, ocorreu com sucesso. Ainda assim, a equipe médica decidiu realizar procedimentos adicionais, devido às crises frequentes de soluço que afetam o ex-mandatário.
O cardiologista Brasil Ramos Caiado explicou que casos de soluços persistentes ou intratáveis são extremamente raros e geralmente estão associados a outras enfermidades, como cirurgias abdominais ou problemas gastrointestinais, condições que Bolsonaro possui. Antes da última cirurgia, Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, relatou que Bolsonaro enfrentou uma noite difícil no hospital.
Ele destacou que a pressão arterial do pai estava elevada e que os médicos tiveram que intervir para estabilizar a situação, além de iniciar tratamento contra apneia do sono. Em 12 de dezembro, Carlos divulgou um vídeo mostrando Bolsonaro tendo uma crise de soluço enquanto dormia, antes de ser preso na Superintendência da Polícia Federal, em novembro.
Na ocasião, Carlos criticou a prisão de Bolsonaro, afirmando que a condição de saúde do pai poderia se deteriorar e colocando em risco sua vida, especialmente devido ao refluxo constante. Ele ressaltou a necessidade de cuidados médicos contínuos, alertando para a possibilidade de uma tragédia.
O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, autorizou que Bolsonaro receba acompanhamento médico constante na prisão, incluindo livre acesso de profissionais de saúde e atendimento de plantão na Polícia Federal, embora o ministro Alexandre de Moraes negasse o pedido de prisão domiciliar, devido às questões médicas. A cirurgia foi autorizada após uma avaliação da Polícia Federal, que recomendou intervenções com base em laudos médicos.
A decisão de permitir visitas foi modificada, inicialmente restrita à ex-primeira dama Michelle, mas posteriormente estendida aos filhos do ex-presidente. Segundo o relatório da PF, Bolsonaro precisou de uma operação abdominal para corrigir hérnias inguinais bilaterais. Hérnias ocorrem quando tecidos ou órgãos escapam por uma fenda na musculatura do abdômen, e, neste caso, as hérnias estavam nas duas virilhas.
Apesar de tratamentos não operatórios existirem, a maioria dos cirurgiões recomenda procedimentos cirúrgicos para evitar complicações mais graves. Além da correção das hérnias, a equipe médica sugeriu uma intervenção para tentar reduzir os episódios de soluço.
Assim que receber alta, Bolsonaro retornará ao regime de detenção na Polícia Federal, onde cumpre uma pena de 27 anos por diversos crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e ataque ao Estado de Direito, alegando sua inocência. Desde a tentativa de assassinato em 2018, Bolsonaro passou por várias cirurgias decorrentes do ferimento.
Mesmo em prisão, ele continua sendo uma figura central na direita brasileira, com seu estado de saúde sendo monitorado por apoiadores e analistas políticos, especialmente em um momento de intensas discussões sobre o futuro político nacional. No âmbito político, a internação gerou manifestações de solidariedade, sobretudo de Michelle Bolsonaro, que pediu orações por ele em um vídeo divulgado pouco antes do pronunciamento nacional de Lula na mesma hora.
Michelle também ressaltou a importância de perseverar diante das adversidades e destacou 2026 como ano de grande relevância para o Brasil. Durante sua internação, Bolsonaro recebeu apoio de membros de seu círculo político, incluindo seu filho Flávio Bolsonaro.
Em uma carta lida por Flávio, o ex-presidente expressou seu apoio à candidatura de seu filho à presidência em 2026, reforçando seu compromisso com suas convicções e com o futuro do país. Essa declaração ocorreu em um clima de tensões internas na direita, com críticas de aliados como o pastor Silas Malafaia às estratégias adotadas. A notícia também movimentou outros atores políticos, pois o apoio de Bolsonaro ao nome de Flávio gerou reações distintas, com alguns aliados esperando uma declaração oficial de Bolsonaro favorável a outros nomes, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que apoiou a candidatura de Flávio e pensa em reeleição no estado.
A disputa dentro da direita brasileira permanece acirrada, com os rumos políticos ainda incertos.