Mais do que simplesmente manter registros de despesas, elaborar um planejamento financeiro detalhado reflete a relação de uma pessoa com suas instituições bancárias. Conforme aponta Cristina Helena Pinto de Mello, docente e pesquisadora da PUC-SP, as entidades financeiras funcionam como intermediárias: estimulam a poupança e aplicam juros sobre quem apresenta desorganização financeira.
Ela destaca que um planejamento financeiro bem estruturado oferece ao indivíduo a autonomia de decidir se deseja pagar juros ou se prefere se beneficiar deles. O especialista Renan Silva, do Ibmec Brasília, reforça que uma gestão econômica eficiente é essencial para manter a estabilidade financeira e alcançar objetivos pessoais.
Ter uma visão clara do futuro, antecipar gastos, identificar possibilidades de economia e estar preparado para imprevistos são vantagens de um planejamento adequado. Para obter recursos até 2026, o ponto inicial é fazer uma avaliação sincera do cenário atual, considerando rendimentos, dívidas e investimentos existentes.
Silva orienta a definição de metas específicas com prazos concretos, além de formar uma reserva de emergência equivalente a três a seis meses de despesas essenciais, considerada prioridade inquestionável. Cristina enfatiza a relevância de compreender o conceito de poder de compra, frequentemente reforçado por controlar o consumo em vez de reajustar salários.
Práticas simples, como elaborar listas de compras, cancelar serviços pouco utilizados e dividir custos fixos ao longo do ano, podem fazer a diferença na economia. Para despesas pontuais, como IPVA e IPTU, ela sugere parcelar esses encargos durante o período, como se estivesse pagando uma fatura para si mesmo, garantindo recursos disponíveis para quitação à vista e possíveis descontos. A proposta de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda, beneficiando quem ganha até R$ 5 mil a partir do próximo ano, pode aliviar as despesas de muitas famílias.
Com aproximadamente 78% dos lares brasileiros endividados, Silva recomenda que esse valor adicional seja usado para renegociar dívidas ou aumentar a poupança, ao invés de gastar imediatamente. Para quem já mantém as contas sob controle, Cristina aconselha a continuidade da disciplina financeira, tratando o valor do imposto como uma quantia ainda a ser paga. Destinando essa quantia mensalmente a investimentos financeiros, o contribuinte pode acumular um capital suficiente para adquirir bens duráveis ou realizar viagens ao longo do período.
Continuar investindo representa uma das estratégias mais eficazes para proteger o patrimônio contra a inflação e ampliá-lo. Opções como Tesouro Direto e a poupança são indicadas para quem está iniciando. Renan Silva reforça a importância de compreender o perfil de investidor — seja ele conservador, moderado ou arrojado — e de diversificar as aplicações para reduzir riscos. Quando as finanças não fecham, buscar fontes alternativas de renda se torna uma medida viável.
Trabalhos remotos, vendas pela internet, cursos online, além de atividades locais como cuidar de pets ou aulas particulares, ilustram tendências de geração de renda adicional. Também é possível negociar projetos específicos ou fazer horas extras junto ao empregador atual.
Após acumular um patrimônio, proteger esse bem é uma prioridade. Especialistas aconselham diversificar investimentos entre imóveis e ativos financeiros cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Ademais, o planejamento sucessório é fundamental. Cristina sugere contratar um seguro de vida suficiente para arcar com custos de inventário e impostos, garantindo liquidez aos herdeiros e evitando vendas precipitadas de bens.