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Acidente
27/12/2025 04:00:00

Conflitos Sociais Surgem em Comunidades Nordestinas devido ao Crescimento das Usinas Eólicas

Moradores enfrentam problemas de saúde, deslocamentos forçados e debates sobre regulamentações e compensações financeiras

Conflitos Sociais Surgem em Comunidades Nordestinas devido ao Crescimento das Usinas Eólicas

Na zona rural do Nordeste do Brasil, a instalação de parques de energia eólica tem provocado consequências sociais e ambientais consideráveis, levando moradores a deixarem suas casas e enfrentarem sérios problemas de saúde.

O agricultor Leonardo de Oliveira Morais, que vive próximo a Venturosa, no Agreste de Pernambuco, compara os aerogeradores a aviões que nunca aterrissam, destacando o impacto constante na sua qualidade de vida.

Residente a apenas 180 metros de uma torre eólica, ele relata sintomas como dores de cabeça, insônia e ansiedade decorrentes da presença das estruturas. Nos últimos anos, a rápida expansão de parques eólicos na região nordestina foi impulsionada por políticas federais voltadas à transição energética e ao incentivo ao uso de fontes renováveis.

Entretanto, tal crescimento tem sido marcado por denúncias de aumento de doenças, desvalorização de imóveis, níveis elevados de ruído e deslocamento de comunidades rurais, muitas das quais não resistiram às mudanças.

Os moradores descrevem sintomas que incluem tontura, dificuldades de concentração, estresse e nervosismo, agravados pelo ruído constante e pelas vibrações emitidas durante a noite. Diversas famílias chegaram a abandonar suas residências por não aguentarem o desconforto causado pelos aerogeradores.

Empresas do setor eólico garantem que suas operações seguem padrões técnicos rigorosos, incluindo distâncias mínimas entre torres e moradias, além de estudos ambientais obrigatórios. Elas defendem a energia eólica como uma ferramenta crucial na redução de emissões de carbono e na segurança energética do país. Por sua vez, órgãos ambientais, representantes do Ministério Público e autoridades de Pernambuco discutem ações para avaliar, mitigar e compensar os impactos sociais e ambientais causados pelas instalações já existentes. Essas ações envolvem possíveis revisões nas licenças, criação de áreas de proteção e monitoramento sonoro, além do diálogo com as comunidades afetadas.

Enquanto esses debates continuam, os moradores continuam reivindicando indenizações adequadas, reassentamentos dignos e mudanças nas regras de instalação dos aerogeradores. Alegam que estão pagando um preço elevado por um modelo de desenvolvimento que não levou em consideração suas necessidades e direitos básicos. "Não somos contra a energia limpa.

Somos contra ficar doentes dentro da nossa própria casa", resume Leonardo, sintetizando o núcleo da controvérsia. O tema reacende a discussão sobre como equilibrar sustentabilidade ambiental, justiça social e direitos humanos em uma das regiões mais estratégicas do programa de energias renováveis no Brasil.