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Acidente
26/12/2025 09:00:00

Investimento milionário na disputa por cadeiras legislativas em Alagoas para 2026

Conheça os valores, estratégias e desafios enfrentados por candidatos na corrida eleitoral do estado

Investimento milionário na disputa por cadeiras legislativas em Alagoas para 2026

A aquisição de uma vaga na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) ou nas nove vagas destinadas ao estado na Câmara Federal implica uma série de obstáculos e requisitos financeiros. Com uma quantidade restrita de posições disponíveis e muitos interessados, a competição exige uma combinação de fatores para garantir a vitória nas eleições de 2026.

Especialistas destacam que o aspecto econômico é fundamental nesse processo, sendo quase consensual a necessidade de elevados investimentos para manter uma candidatura competitiva. Mas, qual é o montante necessário? Quanto custa, efetivamente, participar dessa disputa?

No último trimestre de setembro, o Congresso Nacional anunciou o valor destinado ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha, conhecido como Fundo Eleitoral, que permanece em R$ 4,9 bilhões — o mesmo valor de 2022. Desse montante, R$ 3,9 bilhões advêm de emendas de bancada, enquanto R$ 1 bilhão será reduzido por cortes em despesas não obrigatórias.

Assim, candidatos que almejam uma vitória em 2026 precisarão investir pesadamente em suas campanhas, conforme avalia Eugênio Albuquerque, estrategista político consultado pela Tribuna Independente. Para uma candidatura a deputado estadual em uma legenda de menor votação, a previsão de gastos chega a R$ 10 milhões, enquanto candidatos em partidos de peso ou que integram coligações com várias siglas podem precisar de até R$ 15 milhões para disputar uma vaga.

Albuquerque reforça que a disputa por uma cadeira na Câmara Federal demanda ainda mais recursos, além do chamado “voto de opinião”, ou seja, votos que podem ser conquistados por meio de forte desembolso financeiro. Segundo ele, hoje, uma candidatura federal requer um investimento mínimo de R$ 20 milhões, sobretudo quando não se conta com votos soltos.

Embora o dinheiro seja um componente decisivo, Albuquerque alerta que há uma realidade paralela às regras oficiais da Justiça Eleitoral. “O que é declarado oficialmente muitas vezes difere do valor real investido na campanha”, aponta. Um aspecto central da disputa é a compra de apoio de lideranças locais, que influenciam expressivamente nos resultados. “De 27 vagas de deputados estaduais, apenas duas foram conquistadas por candidaturas cuja campanha foi fortemente baseada em redes sociais, discursos e narrativas – esses, pelo menos, em comparação com o poder de liderança e o volume de recursos gastos”, explica.

A influência de lideranças políticas na conquista de votos é destacada pelo especialista, que afirma que a maior parte do sucesso na eleição depende do apoio de prefeitos, vereadores e demais lideranças locais, que distribuem recursos públicos e apoio político de forma a garantir votos.

“O candidato geralmente deposita dinheiro com o prefeito, que já possui uma base de lideranças e uma rede de apoio consolidada no município, fazendo uso dessas estruturas para angariar votos, muitas vezes sem que o próprio candidato tenha controle total sobre esse fluxo de recursos”, revela Albuquerque.

Ele também comenta que há estudos que avaliam a confiabilidade desses nomes de liderança, baseando-se na história de votação de candidatos apoiados por certos gestores municipais. “Por exemplo, um prefeito de Traipu que apoiou Breno Albuquerque (MDB) a deputado estadual, mesmo sem ligação direta com a cidade, já demonstra uma estratégia de voto prevista com base em experiências anteriores”, relata.

Segundo o especialista, a formalidade dos registros na Justiça Eleitoral tem se tornado cada vez menos relevante, pois o que realmente conta na prática é a rede de apoio informal e o reconhecimento na comunidade.

“Hoje, esses vínculos se desenvolvem de forma orgânica, por meio de lideranças locais, profissionais e funcionários públicos, sem necessidade de registros formais ou cadastros específicos”, comenta. A perspectiva de mudanças significativas no cenário político de 2026, no entanto, é considerada pouco provável por Luciana Santana, professora e especialista em ciência política da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

“Não espero uma renovação expressiva, pois a mudança de mentalidade por parte do eleitorado ainda é limitada”, afirma. Para ela, a renovação demanda apoio estruturado e uma forte rede de contatos, que apenas candidatos com apoio partidário consistente podem garantir. Santana reforça que a busca por reeleição é uma estratégia inerente à lógica política, uma vez que políticos desejam consolidar seu poder e influenciar decisões legislativas.

“A experiência, por sua vez, confere maior facilidade para aprovar projetos, enquanto a renovação pode ser prejudicada por uma certa resistência às mudanças”, explica. Apesar disso, ela aponta que o processo eleitoral funciona como um mecanismo de controle, permitindo aos eleitores punirem ou recompensarem os mandatários de acordo com seu desempenho.

“A renovação, no entanto, ainda é limitada, pois a maioria busca manter-se no cargo por meio de estratégias que envolvem altos investimentos e alianças com lideranças locais”, conclui Santana. Para quem deseja conquistar uma vaga pela primeira vez, a professora recomenda a necessidade de uma estrutura partidária sólida e de vínculos com a sociedade.

“Sem apoios relevantes, fica difícil ingressar na disputa, mas não impossível. A chave está em criar conexões, ampliar a visibilidade e estabelecer uma base de apoio que seja capaz de sustentar uma candidatura”, finaliza.