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Acidente
25/12/2025 10:00:00

Crescimento alarmante no número de empresas brasileiras com dívidas em alta

Dados indicam recorde de inadimplência de negócios, especialmente entre micro, pequenas e médias companhias

Crescimento alarmante no número de empresas brasileiras com dívidas em alta

O Brasil atingiu uma marca histórica de 8,7 milhões de CNPJs com pendências financeiras ativas em outubro de 2025, conforme o levantamento do Indicador de Inadimplência Empresarial divulgado pela Serasa Experian. As unidades empresariais com pelo menos uma fatura vencida acumularam um total de R$ 204,8 bilhões em dívidas, representando o maior valor já registrado na série estatística. Seja informado sobre as principais notícias do seu interesse.

 Os setores mais prejudicados foram o de serviços, respondendo por 32,2%, e o de instituições financeiras, incluindo bancos e operadoras de cartão, com 19,3%. A região Sudeste concentra o maior número de empresas inadimplentes, somando mais de 4,6 milhões, seguida pelo Sul, com cerca de 1,4 milhão, e pelo Nordeste, com aproximadamente 1,3 milhão.

Ao longo de 2024, o número de empresas com dívidas cresceu cerca de 1,7 milhão em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda em janeiro de 2025, o total de CNPJs inadimplentes atingiu 7,1 milhões, após encerrar 2024 com aproximadamente 7 milhões. Essa tendência de alta permaneceu ao longo do ano. Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, atribui o recorde de inadimplência à vulnerabilidade financeira do setor empresarial.

"A desaceleração na oferta de crédito limita a capacidade das companhias de renegociar dívidas e de reorganizar suas obrigações, pressionando ainda mais o caixa", explicou. Ela destacou que a diminuição das atividades econômicas reduz a geração de receitas, criando um cenário difícil para manter a liquidez e assegurar a continuidade operacional, especialmente entre micro e pequenas empresas.

Entre janeiro e outubro, mais de 1,6 milhão de novos CNPJs foram incluídos na lista de inadimplentes. Em outubro de 2025, a dívida média por empresa atingiu R$ 23.658,74, com cada negócio inadimplente em média devendo 7,1 contas em atraso e compromissos vencidos com valor médio de R$ 3.329,50.

De acordo com Rafic Junior, empresário e especialista em empreendedorismo, a falta de preparação adequada foi um fator determinante para o crescimento das dívidas entre novos empresários. "O impacto é devastador. Muitos fecham as portas cedo não por falta de esforço, mas por não estarem prontos.

Endividar-se precocemente acaba com sonhos, desmotiva a iniciativa empreendedora e gera receio de expansão. Quem inicia precisa aprender gestão antes de tentar crescer", afirmou. Ele também apontou que a conjuntura econômica atual é uma das causas do recorde de inadimplência. "Esse número reflete uma combinação de fatores: má gestão financeira, crescimento sem estrutura adequada e um ambiente econômico adverso. Muitas empresas faturam, mas não geram caixa suficiente.

Vendem mal, compram de forma inadequada, não precificam corretamente seus produtos ou serviços, não possuem reservas financeiras e confundem aumento de faturamento com sucesso", alertou. Juliano Lara Fernandes, gestor de investimentos e sócio da Armada Asset, afirmou que o desequilíbrio fiscal do país e a alta dos juros contribuem significativamente para o aumento do endividamento corporativo. "Quando uma empresa está endividada, ela reduz seus investimentos e limita a renovação de seus ativos, o que, ao longo do tempo, diminui a capacidade de crescimento do país, refletindo na redução do PIB", explicou.

Para reverter esse quadro, especialistas recomendam que as empresas cortem despesas, mesmo que isso signifique postergar investimentos por alguns meses. "Gestão eficiente de controle de custos, precificação adequada, fluxo de caixa diário e venda com margens são essenciais. Sem essas ações, os resultados não aparecem", ressaltou Rafic Junior. Ele aconselha ainda que as companhias tentem diminuir seus gastos ao máximo para saldar dívidas rapidamente, embora isso implique reduzir investimentos e inovação.

"A única saída viável para manter a continuidade do negócio é diminuir o passivo financeiro", afirmou. Quanto às ações do governo, os especialistas criticaram a complexidade tributária e defenderam simplificações administrativas. "É necessário facilitar o acesso ao crédito, reduzir a burocracia e promover educação financeira e empresarial.

Empresários precisam de um ambiente mais claro e menos obstáculos para atuar", declarou Rafic. Fernandes também criticou a expansão do tamanho do Estado e o desequilíbrio fiscal. "O governo deve permitir que as pessoas trabalhem livremente, agir com responsabilidade e evitar gastos excessivos. Mesmo com altas cargas tributárias, o déficit persiste.

O empresariado deseja que o Estado reduza seu tamanho, corte desperdícios e equilibre suas contas, para que juros possam cair e a carga financeira diminuir", concluiu.