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24/12/2025 16:00:00

Brasil celebra avanço espacial após lançamento com sucesso e incidente

Autoridades destacam importância do teste comercial e confirmam segurança durante operação no Maranhão

Brasil celebra avanço espacial após lançamento com sucesso e incidente

Apesar da detonação inesperada do foguete, o governo brasileiro comemorou o feito e ressaltou seu valor histórico. Especialistas e órgãos oficiais elogiaram o feito, que marcou a estreia de um veículo de lançamento comercial no país.

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Luís Felipe Granado |24/12/2025 07:35 SIGA NO  

Divulgação
Foguete Innospace em cooperação com a Força Aérea Brasileira

Apesar de ainda não se conhecer a causa exata da explosão ocorrida pouco após o lançamento do foguete da Innospace na noite de anteontem, o governo brasileiro manifestou otimismo ao comentar o evento. Este momento foi considerado uma conquista significativa, sendo a primeira missão de um foguete de origem comercial a decolar do Brasil, e foi reconhecido por autoridades como um marco histórico para o programa espacial nacional.

A Agência Espacial Brasileira (AEB), em nota oficial, declarou que o lançamento do modelo HANBIT-Nano, produzido pela empresa sul-coreana Innospace, realizado no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, ocorreu de maneira segura e sem incidentes em todas as fases sob responsabilidade brasileira.

O órgão enfatizou ainda que eventos deste tipo constituem etapas essenciais no desenvolvimento tecnológico e na evolução dos sistemas de exploração espacial, contribuindo para aprimorar a confiabilidade de futuras missões.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ao qual a AEB está vinculada, reforçou esses pontos. Segundo a pasta, os protocolos de segurança, rastreamento e operações terrestres sob controle brasileiro funcionaram com precisão, demonstrando a capacidade operacional do CLA e posicionando o Brasil de forma competitiva no emergente mercado internacional de lançamentos espaciais. Este procedimento é considerado um primeiro passo para que o Brasil conquiste espaço em um setor atualmente dominado por Estados Unidos, China e países europeus.

Reprodução/Innospace
Foguete HANBIT-Nano, no Centro de Alcântara, Maranhão

A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou que irá investigar as causas do acidente em colaboração com a própria Innospace. A empresa sul-coreana revelou que identificou uma “anomalia” aproximadamente 30 segundos após a decolagem, o que levou à decisão de abortar a missão e fazer o veículo retornar à zona de segurança em solo, conforme explicou o CEO Soo-jong.

Em uma comunicação aos acionistas, Soo-jong pediu desculpas pelos contratempos e expressou pesar por não ter atendido às expectativas. Ele destacou que o desenvolvimento e operacionalização de veículos de lançamento envolvem inúmeras tecnologias de alta complexidade em funcionamento simultâneo, prometendo uma análise detalhada das causas do episódio.

O HANBIT-Nano partiu às 22h13, após uma série de adiamentos iniciados no final de novembro. A Innospace relatou que o foguete deixou a plataforma normalmente e iniciou a fase de inclinação para a inserção orbital. O motor do primeiro estágio funcionou normalmente, mas uma falha foi detectada cerca de meia minuto depois, levando à interrupção do procedimento por motivos de segurança. Durante a transmissão ao vivo, foi exibida uma mensagem de alerta em inglês e, em questão de segundos, imagens mostraram a explosão do veículo.

O lançamento, inicialmente programado para 22 de novembro, foi adiado devido à necessidade de ajustes técnicos. Em dezembro, novas tentativas também foram canceladas por problemas em sistemas de resfriamento, uma válvula do tanque de metano líquido e questões meteorológicas, além de dificuldades na rede elétrica.

A Innospace não divulgou os prejuízos financeiros decorrentes do episódio, mas o mercado reagiu de forma negativa. As ações da companhia na bolsa sul-coreana Kosdaq despencaram 29% após o ocorrido, após terem registrado valorização significativa anteriormente.

Reprodução/Innospace
Foguete HANBIT-Nano, no Centro de Alcântara, Maranhão

O veículo, projetado para colocar até 90 quilos em órbita, carregava cinco satélites e três experimentos desenvolvidos por equipes brasileiras e indianas. Entre eles, o satélite Jussara-K, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), destinado à coleta de dados ambientais, e dois satélites do SpaceLab/UFSC, que testariam novas tecnologias espaciais. Importante ressaltar que o foguete não transportava tripulação.

Especialistas e autoridades nacionais enxergam na parceria com a Innospace uma estratégia para demonstrar o potencial da base de Alcântara em lançamentos comerciais. A localização próxima à Linha do Equador favorece a economia de combustível e oferece uma vantagem competitiva distinta. Se o lançamento tivesse sido bem-sucedido, ele teria sido o primeiro a atingir órbita a partir de solo brasileiro; até então, apenas voos suborbitais tiveram origem na base.