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Economia
22/12/2025 10:00:00

Queda de 20% no Preço do Ovo desde 2022 Atinge Menor Valor em 12 Meses

Excesso de produção leva produtores a descartarem aves mais antigas para tentar conter perdas no mercado agrícola

Queda de 20% no Preço do Ovo desde 2022 Atinge Menor Valor em 12 Meses

Contrariando o padrão das vendas sazonais, que geralmente aumentam durante as celebrações de fim de ano, o setor de produção de ovos enfrenta uma forte depreciação de preços. Em dezembro, as cotações recuaram aproximadamente 5% em comparação ao mês anterior, e uma redução significativa de 20% foi registrada em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor do ovo vem caindo no Brasil como um todo, refletindo uma tendência de queda generalizada. De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Esalq/USP, diversas regiões produtoras estão vendendo por valores menores do que os registrados em dezembro de anos anteriores.

O cálculo leva em consideração a inflação medida pelo IGP-DI de novembro de 2025, evidenciando que o poder de compra dos avicultores foi drasticamente reduzido. Para os consumidores, a redução de preços representa uma vantagem ao fazer compras no supermercado.

Contudo, para os criadores, a situação demanda cautela e revisão das estratégias de gestão para preservar a lucratividade, principalmente no que diz respeito à produção "da porteira para dentro". O excesso de oferta é o principal fator por trás dessa baixa nos preços, consequência da tradicional lei da oferta e da procura.

Pesquisadores do Cepea explicam que há uma quantidade excessiva de ovos no mercado interno, que não está sendo absorvida pelos consumidores. Normalmente, dezembro é um mês de alta nas vendas, impulsionado por produtos natalinos que utilizam ovos como ingredientes principais, como bolos, panettones e rabanadas.

No entanto, o ritmo de vendas neste ano está mais lento do que o esperado, gerando um mercado “estagnado”. Mesmo com preços mais competitivos nas granjas, a saída de ovos para o varejo não ocorre na velocidade necessária, resultando em estoques elevados e uma pressão para a baixa dos preços ao longo de toda a cadeia produtiva.

Para tentar conter a queda, os produtores vêm adotando medidas como o descarte de poedeiras mais velhas, uma prática que consiste na retirada das aves que já não estão na fase de pico de postura. Em tempos de preços elevados, essas aves geralmente permanecem por mais tempo na criação. Entretanto, com custos elevados de alimentação — milho e farelo de soja — e valores baixos do ovo, manter essas aves tornou-se inviável.

Ao eliminar essas aves antecipadamente, o setor busca diminuir artificialmente a oferta de ovos, na esperança de que essa redução reflita na estabilização ou até na elevação dos preços nas próximas semanas. Apesar dos esforços de ajuste na oferta, o cenário de curto prazo permanece difícil.

Especialistas consultados pelo Cepea indicam que não há sinais de recuperação nos preços nos últimos dias de 2025 e que a tendência é que as cotações permaneçam nos níveis atuais ao longo da virada do ano.

Para o setor agrícola, esse momento serve como alerta para o planejamento do próximo ciclo de produção. Para as famílias brasileiras, o ovo, uma fonte acessível e nutritiva de proteína, termina o ano como uma opção econômica na cesta básica, contribuindo para o equilíbrio no orçamento doméstico.