Na última quarta-feira (17), o Grupo EQM, um dos principais conglomerados econômicos do Nordeste brasileiro, anunciou a celebração de um contrato de arrendamento de 5.240 hectares da antiga Usina Laginha, situada no município de União dos Palmares.
A iniciativa visa retomar as atividades agrícolas na região, incluindo o plantio de cana-de-açúcar, previsto para começar no primeiro semestre de 2026, com a implantação de uma área de 300 hectares dedicada às sementes. A assinatura do contrato de arrendamento, válido por 17 anos, foi realizada por Eduardo Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM, ao lado de Armando Lemos Wallach, que atua como administrador judicial da massa falida da Laginha, e de Guilherme Lyra, representante dos herdeiros do empresário João Lyra, falecido em agosto de 2021 e proprietário original da unidade.
Na ocasião, o empresário Eduardo Queiroz visitou a propriedade onde ocorrerá o cultivo da cana, cuja moagem e processamento serão realizados na Usina Utinga Leão, uma das unidades controladas pelo grupo. Conforme mencionado por Queiroz, há planos de ampliar o arrendamento para envolver uma parte dos 13 mil hectares que compõem a antiga fazenda, muitos dos quais atualmente ocupados por trabalhadores rurais sem terra. Ele destacou a importância do projeto para a geração de empregos e renda na região.
"Estamos bastante satisfeitos, principalmente pela possibilidade de criar novas oportunidades de trabalho e desenvolvimento econômico. Estamos negociando com os assentamentos uma área destinada ao plantio e outra para os movimentos sociais, buscando um entendimento que beneficie ambas as partes", explicou. O executivo também revelou que a previsão é gerar cerca de mil novos empregos na região de União dos Palmares à medida que a produção se intensificar.
Ele comentou que Guilherme Lyra recomendou priorizar a contratação de moradores locais, pois, segundo ele, o melhor programa social é promover emprego e renda na própria comunidade. Inicialmente, toda moagem será realizada na Usina Utinga Leão, que possui uma estrutura industrial moderna.
Essa unidade é uma das três que compõem o grupo, sendo as demais a Usina Cucaú, localizada em Pernambuco, e a Estivas, no Rio Grande do Norte. Alexandre Medeiros, gerente industrial da Utinga Leão, destacou que a usina tem investido em melhorias contínuas, especialmente em tecnologias de limpeza da cana seca, eliminando a necessidade de lavagem com água — um procedimento que gerava perdas consideráveis. Medeiros afirmou que essa implementação foi feita com o apoio de consultores especializados, que já aplicaram a mesma técnica em outras unidades. A capacidade de produção da usina é de até 8.500 toneladas de açúcar por dia, produzindo cerca de 21 mil sacos diários.
Além disso, ela possui uma refinaria com capacidade de processamento de até 8 mil sacos por dia, além de produzir 400 mil litros de etanol hidratado e 200 mil litros de etanol anidro diariamente. Historicamente, a Fazenda Laginha Agroindustrial, ligada ao antigo Grupo João Lyra, declarou falência em 2012.
Desde então, enfrentou um longo processo judicial envolvendo dívidas trabalhistas e disputas com credores, com pagamentos feitos lentamente e tentativas de reativação através de arrendamento. Espera-se que, até o próximo ano, os herdeiros de João Lyra retomem o controle das três usinas de açúcar e álcool atualmente vinculadas ao grupo em Alagoas. A massa falida do conglomerado já quitou aproximadamente R$ 2 bilhões em dívidas trabalhistas e tributos devidos ao estado e municípios de Alagoas e Minas Gerais.