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Acidente
19/12/2025 15:00:00

Autoridades de Saúde de Alagoas são afastadas em operação contra corrupção

Medida ocorre após ação policial que investiga irregularidades financeiras na Secretaria de Saúde estadual

Autoridades de Saúde de Alagoas são afastadas em operação contra corrupção

Na sexta-feira, dia 19 de dezembro de 2025, uma série de agentes públicos ligados à Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) foram temporariamente afastados de suas funções, após uma operação conduzida pela Polícia Federal. A ação investiga um esquema de supostas fraudes envolvendo milhões de reais e o desvio de recursos públicos no setor de saúde do estado.

Entre as ações de fiscalização realizadas, destacou-se o afastamento do então secretário de Saúde, Gustavo Pontes. Essa decisão, assinada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), suspendeu suas atividades por 180 dias, além de integrar o conjunto de medidas tomadas durante a investigação.

Com a publicação oficial no Diário Oficial do Estado, Emanuel Victor, secretário interino da pasta, oficializou a saída de outros dez funcionários pelo mesmo período. A operação, batizada de Estágio IV, foi desencadeada na última terça-feira (16) e teve foco no combate a desvios de verba pública e lavagem de dinheiro relacionados à área da saúde. Na ocasião, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares alternativas, como a suspensão de funções públicas por 180 dias, todas autorizadas pelo TRF-5.

Também foi determinado o confisco de bens dos suspeitos, incluindo veículos e imóveis de alto valor. A operação envolveu a mobilização de 170 policiais federais, 26 auditores e contou com o apoio da Controladoria-Geral da União, da Receita Federal e do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os agentes atuaram nos estados de Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal. Segundo as investigações, a Sesau firmou contratos emergenciais entre 2023 e 2025 com duas empresas: uma fornecedora de materiais hospitalares e uma construtora.

Esses contratos, supostamente, favoreceram os investigados, gerando pagamentos indevidos que totalizaram aproximadamente R$ 100 milhões, parte ainda em execução na época. O inquérito aponta também a possibilidade de desvio de dinheiro do SUS por meio de ressarcimentos por procedimentos médicos e consultas que nunca ocorreram, totalizando mais de R$ 18 milhões.

Entre as irregularidades, estão pagamentos indevidos por serviços de fisioterapia incompatíveis com a capacidade de uma clínica privada. De acordo com a Polícia Federal, parte dos valores desviados foi transferida por meio de operações bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, configurando um esquema complexo de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial. Investigações indicam que recursos foram usados na compra de imóveis em nome de terceiros, familiares e terceiros interpostos, incluindo uma pousada avaliada em R$ 5,7 milhões, além de financiar viagens internacionais e despesas pessoais.

Durante a execução dos mandados, foram apreendidos quantias consideráveis em dinheiro, tanto em reais quanto em moedas estrangeiras, além de duas armas de fogo. A denominação 'Estágio IV' faz referência às fases finais de alguns tipos de câncer, simbolizando a gravidade e o impacto potencial das ações ilícitas na saúde pública alagoana. O governo do estado, em nota enviada ao portal CadaMinuto no dia da operação, confirmou o recebimento da notificação oficial sobre as ações da Polícia Federal na Secretaria de Saúde.

O governador Paulo Dantas, do MDB, afirmou ter cumprido imediatamente a ordem judicial que determinou o afastamento do secretário por 180 dias. Além disso, o governo anunciou a criação de uma comissão especial composta pelo secretário-chefe do Gabinete Civil, pela Controladoria-Geral do Estado e pela Procuradoria-Geral do Estado.

Essa equipe ficará responsável por acompanhar o desenvolvimento do caso, colaborar com as investigações e fornecer as informações necessárias às autoridades competentes.