Nesta quinta-feira (18), o ministro Wolney Queiroz, responsável pela Previdência Social, declarou categoricamente que o governo não age para blindar qualquer pessoa, ao comentar a prisão do secretário-executivo da pasta, Adroaldo Portal, durante uma nova fase da operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal.
Após a detenção de Portal, a autoridade ministerial determinou sua exoneração imediata do cargo e nomeou o procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva, atualmente consultor jurídico do ministério, como seu substituto no cargo de secretário-executivo.
Em entrevista coletiva, Queiroz afirmou: “Fomos notificados logo cedo sobre a continuação da operação Sem Desconto. Assim que soubemos das ações judiciais envolvendo Adroaldo Portal, exigi sua saída do posto. Convidei Felipe Cavalcante, que é consultor jurídico do Ministério e procurador da AGU, para assumir a função”, ressaltou o ministro.
Ele reforçou ainda o compromisso do governo com a transparência e a responsabilidade, lembrando que a missão é proteger os recursos públicos. “Continuamos focados em responsabilizar os culpados. Este governo não protege ninguém. Os órgãos de controle, como CGU e PF, têm ampla autonomia para investigar todas as áreas do Executivo, identificar os responsáveis, punir e recuperar cada centavo desviado”, afirmou.
Durante a conversa com os jornalistas, Queiroz destacou a determinação do presidente Lula de assegurar que os valores roubados do INSS sejam devolvidos ao erário público. “Seguiremos nesta linha, com equilíbrio e serenidade, porque nesse momento, tranquilidade é fundamental”, concluiu.
O episódio que levou à prisão do principal líder da Previdência ocorreu na manhã desta quinta-feira, quando Adroaldo Portal foi detido na fase mais recente da operação Sem Desconto, uma ação coordenada pela Polícia Federal. A operação busca desmantelar um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões administradas pelo INSS.
Além de Portal, o empresário Romeu Carvalho Antunes, conhecido popularmente como “Careca do INSS”, também foi preso na operação. Romeu é filho do empresário Antonio Carlos Camilo Antunes. Também estão sob investigação o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que tem mandados de busca e apreensão em sua residência em Brasília e no Maranhão.
Até o momento, a operação cumpriu 52 mandados de busca e apreensão, além de 16 ordens de prisão preventiva e outras medidas cautelares, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, abrangendo estados como São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.
De acordo com a Polícia Federal, a ofensiva visa aprofundar as investigações relacionadas à prática de crimes como inserção de dados falsificados em sistemas oficiais, formação de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial, com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).
Para entender melhor quem é Adroaldo Portal, trata-se de um jornalista de 55 anos, com uma trajetória de 23 anos no Congresso Nacional. Desde 1999, desempenhou funções como gestor de equipes de assessoria técnica, especialmente como chefe de gabinete da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, além de atuar no Senado Federal na mesma função.
Antes de ingressar na Secretaria da Previdência, Adroaldo foi chefe de gabinete e secretário-executivo substituto do Ministério das Comunicações durante o governo de Dilma Rousseff. Nessa época, presidiu o Conselho de Administração dos Correios e integrou o conselho fiscal da Telebras.
Seu relacionamento com o PT e o PDT também inclui trabalhos como chefe de gabinete do líder do PDT no Senado durante a discussão da Reforma da Previdência, função que repetiu na Câmara, evidenciando uma forte ligação com o partido que saiu do governo.
O número 2 da pasta previdenciária também ocupou o cargo de chefe de gabinete do senador Weverton Rocha (PDT-MA), atualmente alvo da operação da PF nesta quinta-feira, o que reforça sua proximidade com o parlamentar.