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Guerra
18/12/2025 18:00:00

Negociações Antes do Encontro com a Rússia: Zelensky confirma diálogos nos Estados Unidos

Líder ucraniano revela que conversas adicionais em solo norte-americano ocorrerão antes do encontro de Moscou com Washington na Flórida

Negociações Antes do Encontro com a Rússia: Zelensky confirma diálogos nos Estados Unidos

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, comunicou que uma nova rodada de negociações relacionadas ao conflito armado no país será realizada nos EUA até o final desta semana. A declaração foi feita por ele ao chegar à cúpula europeia em Bruxelas nesta quinta-feira (18). Segundo o líder ucraniano, representantes de Kiev estão a caminho de Washington, onde buscarão encontros com autoridades americanas nesta sexta e sábado, detalhou Zelensky.

Publicado em: 18/12/2025 - 14:20

Durante entrevista coletiva, Zelensky destacou que ainda não existe um acordo de paz formal ou aceito por todas as partes envolvidas, reforçando a necessidade de apoio contínuo de países internacionais à Ucrânia.

Antes do encontro previsto na Flórida entre delegados russos e americanos, uma rodada de negociações entre Estados Unidos e Ucrânia será realizada, confirmou uma fonte da Casa Branca. Ainda não há informações disponíveis sobre a composição das delegações de Moscou e Washington.

“A Rússia mantém sua postura: deseja controlar toda a região do Donbass e, atualmente, quer que nos retiremos dela. Essa é a posição oficial de Moscou”, afirmou Zelensky nesta quinta-feira.

O Donbass, uma área de importância industrial para Kiev, compreende Lugansk — sob controle quase total da Rússia — e Donetsk, onde os esforços ucranianos ainda mantêm aproximadamente 20% do território sob sua influência. Vladimir Putin, presidente russo, afirmou na quarta-feira que suas metas na ofensiva contra a Ucrânia “certamente serão atingidas”.

Embora os detalhes do plano americano, elaborado após avaliações em Berlim com representantes ucranianos, permaneçam sigilosos, Kiev indicou que há concessões territoriais envolvidas. O documento inicial enviado por Washington foi considerado por Ucrânia e Europa como amplamente favorável ao Kremlin.

Desafios da Europa na definição de recursos para apoiar Kiev

Nesta quinta e sexta-feira, os líderes europeus se reúnem na Bélgica para debater alternativas de financiamento para sustentar a operação militar da Ucrânia, suas forças armadas e o orçamento geral. “Putin aposta na nossa derrota. Não permitiremos que isso aconteça”, declarou Kaja Kallas, ministra das Relações Exteriores da União Europeia, ao ingressar na cúpula.

Os 27 países do bloco garantiram que não deixarão a reunião sem um acordo para garantir ajuda financeira e militar contínua à Ucrânia pelos próximos dois anos, reforçou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

No entanto, a unanimidade ainda não foi alcançada. A maioria, liderada pela Alemanha, deseja utilizar ativos russos congelados na Europa para financiar um empréstimo de aproximadamente € 90 bilhões (cerca de R$ 585 bilhões) para Kiev. Destes fundos, cerca de € 210 bilhões (R$ 1,34 trilhão) estão na Bélgica, porém o primeiro-ministro Bart De Wever ainda não sancionou oficialmente a proposta.

“Nunca vi um texto que realmente me convencesse ou demonstrasse a aprovação da Bélgica”, afirmou De Wever nesta quinta-feira ao Parlamento. “Aguardarei o documento final, mas ainda não o tenho”. Ele justifica que a Bélgica precisa de garantias antes de assumir riscos, evitando ficar isolada nesta operação de alta complexidade, sem precedentes na Europa.

De Wever manifesta preocupação com uma possível retaliação prolongada por parte da Rússia e exige garantias sólidas para os interesses nacionais, incluindo questões relacionadas à Rússia. Por outro lado, outros países europeus consideram essa posição excessiva e estão dispostos a contribuir com um empréstimo a Kiev, porém sem compromissos irreversíveis, conforme explicou um negociador europeu.

Europa busca alternativas após recuos de Trump no apoio financeiro

Após Donald Trump reduzir a assistência financeira dos EUA à Ucrânia, líderes europeus assumiram o compromisso de fornecer a maior parcela de suporte econômico e militar ao país nos próximos dois anos. “Aproveitar ativos russos é a melhor alternativa atualmente”, afirmou Friedrich Merz, chanceler alemão, nesta quinta-feira.

Sem um entendimento formal, Kiev pode enfrentar dificuldades de financiamento já no primeiro trimestre de 2026. Zelensky alertou que, sem esse suporte, a capacidade da União Europeia de atuar na região ficará gravemente comprometida por anos — ou até por mais tempo, conforme expressou antes de sua visita à Bruxelas.

O uso dos ativos russos congelados será decidido por maioria qualificada entre os Estados-membros, incluindo a Bélgica, embora a Hungria, forte aliada de Moscou, se manifeste contrária. Essa divergência pode dificultar a aprovação do projeto, que requer o apoio de pelo menos 75% dos países do bloco.