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Economia
18/12/2025 10:00:00

Dólar dispara para R$ 5,46 e mercado acionário registra forte queda após decisão do Copom

Índice da Bolsa de Valores de São Paulo despenca mais de 2%, refletindo postura mais rígida do BC e incertezas políticas

Dólar dispara para R$ 5,46 e mercado acionário registra forte queda após decisão do Copom

Na terça-feira (16/12), o dólar apresentou uma valorização significativa, atingindo R$ 5,46 após o Banco Central divulgar a ata de sua última reunião do ano, na qual adotou um tom mais firme e reforçou a manutenção de uma política de juros elevados por um período prolongado. Essa postura gerou um clima de dúvida, levando o real a sofrer uma desvalorização ao longo do dia, encerrando com uma alta de 0,73% frente à moeda americana.

O Comitê de Política Monetária decidiu manter a Taxa Selic em 15% ao ano, enfatizando que o cenário atual, marcado por elevada imprevisibilidade, demanda prudência na condução da política monetária. Além disso, o órgão acredita que a estratégia de sustentar o nível atual da taxa por um período extenso é a melhor forma de garantir a convergência da inflação para o objetivo.

Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos, explica que a turbulência causada pela ata do Copom reflete a expectativa de parte do mercado de uma possível redução nas taxas de juros em breve. “Há uma insistência no mercado de que haverá um corte na Selic. Antes, falava-se em outubro, depois em novembro, e agora já se discute janeiro. No entanto, as declarações do Banco Central parecem ter esfriado essas apostas”, comenta.

Segundo o analista, o Banco Central já comunicou claramente que o movimento atual deve continuar e que não há motivos para surpresas na próxima reunião, caso haja um recorte nas taxas. “Para mim, está bem claro há meses que não haverá redução de juros. Mas o mercado, insistindo em suas previsões, cria expectativas irreais, e quando as notícias reais surgem, ele reage de forma negativa, como uma criança que perde o brinquedo e vai embora. É exatamente o que ocorre hoje”, afirma Sant’Anna.

Contexto político e eleições de 2026

Além do cenário de política monetária, a agenda política e econômica desta terça-feira também foi marcada por novas pesquisas eleitorais para 2026. Os levantamentos apontam vantagem do deputado federal e pré-candidato Flávio Bolsonaro na disputa presidencial, concorrendo contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Flávio teria 23% das intenções de voto, enquanto Tarcísio soma 10%, segundo as sondagens.

O economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva, comenta que a volatilidade nos mercados financeiros foi influenciada pelos recentes resultados das pesquisas eleitorais. "O mercado interpreta esses dados como uma vitória do presidente Lula no segundo turno, independentemente do cenário. Assim, acredita que o candidato Flávio Bolsonaro, que representa uma linha mais pró-mercado, possui poucas chances de conquistar a presidência", explica.

Na mesma terça-feira, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresentou uma redução de 2,42%, encerrando aos 158.557 pontos, com forte impacto das ações da Petrobras (PETR4), que caíram 3,03%. A queda do valor das ações da maior estatal brasileira coincide com o preço do petróleo internacional, que atingiu o menor nível desde 2021.

As ações de bancos também contribuíram para o declínio do índice na sessão. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 1,36%, enquanto as ações do Bradesco (BBDC3) caíram 2,75%. As ações do Itaú Unibanco terminaram o pregão com uma baixa de 2,58%.