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Guerra
18/12/2025 14:00:00

Inovador drone subaquático ucraniano redefine estratégias na guerra naval

Ataque com dispositivo não tripulado sinaliza avanço na tática de drones militares de Kiev frente às forças russas

Inovador drone subaquático ucraniano redefine estratégias na guerra naval

Na última segunda-feira (15/12), a Ucrânia realizou uma operação inédita ao utilizar um drone submersível para atingir um submarino russo, marcando um avanço significativo na guerra marítima.

Kiev afirmou que essa foi a primeira vez na história em que uma missão semelhante foi bem-sucedida, utilizando-se de um equipamento não tripulado de baixo custo. O ataque teve como alvo um submarino da classe Varshavyanka, ancorado no porto de Novorossiisk, no território russo.

A embarcação, integrante da Frota do Mar Negro, estava protegida por uma grande quantidade de navios na região, que foram deslocados por Moscou justamente para evitar ataques ucranianos, segundo informações do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).

O dispositivo utilizado, denominado "Sub Sea Baby", foi fabricado na Ucrânia e, conforme as informações divulgadas, foi capaz de alcançar um alvo protegido em um porto estratégico. As imagens liberadas pelo SBU mostram uma explosão subsequente emergindo das águas próximas ao local onde a embarcação estava atracada.

A agência de notícias Reuters verificou a autenticidade do vídeo ao cruzar as imagens com a localização do porto. Se a operação for confirmada oficialmente, ela representará a primeira ocasião em que um drone de ataque subaquático atinge com sucesso um submarino inimigo, apontando para uma evolução nos métodos militares ucranianos e a crescente efetividade dessas armas durante o conflito.

O aspecto financeiro também chama atenção: enquanto a construção de um submarino da classe Kilo chega a custar aproximadamente 400 milhões de dólares (cerca de R$ 2,2 bilhões), o Sea Baby, na sua versão inicial, tem custo estimado de 220 mil dólares (R$ 1,2 milhão).

Essa disparidade evidencia a potencial vantagem econômica do uso de drones frente às plataformas tradicionais de guerra. Segundo Sidharth Kaushal, especialista em Poder Marítimo do Royal United Services Institute, essa iniciativa pode ter um impacto estratégico considerável.

"Se os ucranianos realmente causaram danos a um submarino Kilo, isso representa um avanço tanto na esfera militar quanto na comunicação política. Diferentemente de navios de superfície, submarinos são mais difíceis de serem rastreados e atacados." O emprego de veículos marítimos automatizados não é novidade na guerra de quase quatro anos entre Ucrânia e Rússia.

Desde abril de 2022, Kiev tem conseguido resistir ao cerco marítimo russo, realizando ataques a embarcações e portos de abastecimento russos. Em outubro de 2023, a marinha de Moscou foi obrigada a retirar grande parte de sua frota de Sebastopol, na península da Crimeia, deslocando-se para o leste do Mar Negro.

Até então, os drones Sea Baby operavam exclusivamente na superfície da água. Essa tecnologia de pequeno porte, equipado com explosivos e de difícil detecção, tem sido crucial na estratégia ucraniana, que também produz esses dispositivos no país. Desde setembro de 2023, Kiev começou a fabricar drones subaquáticos, como o Marichka, projetado para ataques do tipo "kamikaze", além do modelo Toloka.

Ainda sem muitos detalhes divulgados, esses novos veículos representam uma ampliação na capacidade de ataque sob a água. O sucesso aparente do Sub Sea Baby ao atingir um alvo ancorado longe do mar aberto revela a capacidade da Ucrânia de ultrapassar as defesas russas, incluindo a retirada de sua frota de portos como Novorossiisk, a 300 quilômetros de Sebastopol. Moscou reforçou suas rotas marítimas com barreiras físicas e patrulhas de sonar, além de impedir a aproximação de drones de superfície até a ponte de Kerch, na Crimeia, em ações realizadas em agosto de 2023.

A Rússia nega que os danos tenham ocorrido, com Alexander Kamyshin, conselheiro do presidente Volodymyr Zelensky, afirmando no X (antigo Twitter) que esse foi o primeiro caso na história de um dispositivo do tipo neutralizando um submarino russo. Moscou também insiste que suas embarcações na base de Novorossiisk permanecem intactas, embora historicamente tenha frequentemente negado perdas, como ocorreu após o incidente com o cruzador Moskva em abril de 2022, posteriormente reconhecido pelas autoridades russas. O ataque acontece em um momento de tensões diplomáticas, com negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos que alimentam o receio ucraniano de uma possível pressão para aceitar condições favoráveis a Moscou, consideradas por Kiev como uma capitulação.

O porta-voz da marinha ucraniana, Dmytro Pletenchuk, declarou que a operação contra um submarino, considerado o alvo militar marítimo mais difícil de atingir, representa um ponto de virada na guerra naval.

Ele afirmou que o incidente desacredita a percepção de vulnerabilidade do combate marítimo na atual disputa e destacou que o submarino atingido consegue transportar até quatro mísseis Kalibr, utilizados extensivamente pela Rússia para ataques que prejudicaram a infraestrutura elétrica ucraniana. Segundo Pletenchuk, será difícil para a Rússia reparar o submarino, uma vez que reparos fora da água seriam necessários, deixando a embarcação vulnerável a novos ataques.

Em 2021, Kiev já havia atingido outro submarino russo, o Rostov-on-Don, também com mísseis de cruzeiro, reforçando a tendência de avanços na estratégia marítima ucraniana.