A tempestade Byron, que passou recentemente pela Grécia e Chipre nesta semana, desencadeou enchentes em várias regiões onde famílias vivem em condições precárias na Faixa de Gaza.
As fortes chuvas, que continuam a atingir a área, representam uma ameaça direta à saúde de aproximadamente 795 mil palestinos deslocados, aumentando o risco de surtos de doenças e outros problemas de saúde pública. Segundo informações da Organização Internacional para as Migrações (OIM), as inundações atingiram centenas de acampamentos e centros de deslocamento, mesmo após o estabelecimento de um cessar-fogo desde 10 de outubro.
Muitos desses refugiados permanecem em espaços reduzidos, com infraestrutura escassa e vulnerável às elevações dos níveis de água. Para tentar minimizar os impactos, a entidade humanitária distribuiu mais de um milhão de itens de abrigo, incluindo tendas à prova d'água, cobertores térmicos e lonas plásticas. Contudo, muitos desses recursos mostram-se insuficientes para resistir às enchentes, agravando a situação de emergência.
Com o aumento da água, cresce também a probabilidade de surtos de enfermidades, além de outros riscos de saúde coletiva. A dificuldade de acesso a materiais básicos para reforçar os abrigos, como ferramentas, sacos de areia, bombas de água e madeira, é um obstáculo adicional, pois essas mercadorias continuam sendo retidas por restrições de entrada na região.
Amy Pope, diretora-geral da OIM, fez um apelo para que seja ampliado urgentemente o acesso humanitário, ressaltando a necessidade de que as famílias recebam suporte imediato, sem entraves, para enfrentarem as condições cada vez mais severas. Organizações locais relataram danos extensos causados pelas enchentes. O Conselho Palestino de Habitação, aliado da OIM, destacou que a água invadiu tendas desgastadas, destruindo colchões e bens pessoais.
Com menos da metade de Gaza sob controle e uma infraestrutura gravemente danificada, as tentativas de conter as inundações têm sido limitadas e muitas vezes improvisadas. O monitoramento contínuo realizado pelo Programa de Avaliação de Necessidades e População da OIM identificou mais de 140 mil indivíduos afetados pelas primeiras chuvas, espalhados por mais de 219 pontos de deslocamento ativos. Com base nesses dados, o apoio da ONU permanece focado em melhorias na drenagem, reorganização dos centros de abrigo e aumento do acesso a serviços básicos.
A cooperação com entidades no terreno reforça a necessidade urgente de maquinário pesado, fornecimento de mais itens de proteção e o início de esforços de recuperação para possibilitar a reconstrução de Gaza, diante da adversidade crescente decorrente das fortes tempestades.