Nesta terça-feira, a deputada federal Heloísa Helena (Rede-RJ) oficializou sua entrada na Câmara dos Deputados, ocupando a vaga deixada por Glauber Braga (PSOL-RJ), cujo mandato foi suspenso por um período de seis meses, conforme decisão do plenário da Casa Legislativa.
Durante seu discurso de posse, Heloísa Helena expressou uma postura contestadora em relação à administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixando claro que sua atuação no Parlamento não será alinhada às diretrizes do Palácio do Planalto.
Ela relembrou momentos marcantes de sua trajetória política, incluindo sua ruptura com o Partido dos Trabalhadores, do qual foi expulsa em 2003. A ex-senadora recordou a reforma previdenciária aprovada na primeira gestão de Lula, quando atuava na bancada petista do Senado, e afirmou que a medida resultou na perda de direitos de trabalhadores e funcionários públicos.
Segundo ela, deputados que se opuseram à proposta enfrentaram constrangimentos durante sessões no plenário. Heloísa Helena declarou que não fará concessões ao governo federal, citando projetos relacionados à exploração de terras raras e à privatização de recursos naturais como exemplos de pautas que pretende combater.
A parlamentar reforçou que manterá uma postura de oposição sempre que detectar, em suas palavras, 'traições de classe'. No seu discurso, ela também defendeu Glauber Braga, interpretando sua suspensão como uma punição por seu enfrentamento ao sistema político vigente.
Eleita senadora em 1998, Heloísa atuou no Senado até 2007. Após sua saída do PT, participou da fundação do PSOL e foi candidata à Presidência da República em 2006, ficando na terceira colocação na eleição.
Atualmente, ela faz parte da Rede Sustentabilidade. A posse ocorre em meio a tensões internas na Rede, partido que faz parte de uma federação com o PSOL. Desde 2022, Heloísa Helena e Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, representam correntes distintas dentro da legenda.
As divergências envolvem tanto diferenças ideológicas quanto as relações com o Executivo. Marina Silva apoia a gestão Lula e se identifica como defensora de políticas sustentáveis, enquanto Heloísa Helena posiciona-se como uma oposicionista, defendendo o ecossocialismo, uma vertente que combina a proteção ambiental com a transformação do sistema econômico.
A disputa pelo controle nacional do partido, vencida por Heloísa, acirrou ainda mais as divisões internas na sigla.