16/12/2025 21:24:55

Polícia
16/12/2025 13:00:00

Operação policial desmantela esquema de desvio de R$ 100 milhões da Saúde Pública em Alagoas

Investigações apontam fraudes que envolveram contratos superfaturados, compra de imóveis e lavagem de dinheiro por parte de organizações ilícitas

Operação policial desmantela esquema de desvio de R$ 100 milhões da Saúde Pública em Alagoas

Uma ação coordenada pelo Ministério Público Federal, junto à Receita Federal e ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde, resultou na execução de mandados nesta manhã de terça-feira, 16, na operação denominada Estágio IV. Essa operação visa desmantelar um esquema de corrupção que desviou cerca de R$ 100 milhões de recursos públicos destinados à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) em Alagoas.

As irregularidades envolviam contratos diretos assinados entre a Sesau e uma construtora, além de uma fornecedora de materiais hospitalares, firmados entre 2023 e 2025. Segundo as investigações, esses contratos teriam permitido o pagamento de propinas e vantagens indevidas aos responsáveis pelo esquema.

Ao todo, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, além de diversas medidas cautelares, incluindo a suspensão de atividades profissionais por 180 dias, todas sob a jurisdição do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Os agentes também bloquearam bens dos suspeitos, como veículos de alto valor e imóveis. As operações ocorreram nos estados de Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal.

O valor total das contratações diretas realizadas pela Secretaria de Saúde alcança quase R$ 100 milhões, parte dos quais ainda está em processo de execução. Além disso, há suspeitas de que recursos do Sistema Único de Saúde tenham sido desviados por meio de cobranças fictícias de consultas e procedimentos médicos, que totalizaram mais de R$ 18 milhões.

De acordo com as apurações, a Secretaria de Saúde de Alagoas efetuou pagamentos indevidos entre setembro de 2023 e agosto de 2025, incluindo valores excessivos por procedimentos de fisioterapia, incompatíveis com a capacidade operacional das clínicas privadas envolvidas. Parte desse dinheiro foi transferida para contas de integrantes do grupo criminoso por meio de transferências bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, formando um esquema sofisticado de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de bens.

Relatórios revelam que indivíduos foram utilizados para encobrir a origem ilícita dos valores, especialmente na aquisição de propriedades. Os recursos públicos destinados ao sistema de saúde do estado foram direcionados para contas bancárias de suspeitos e colaboradores ligados a eles.

O inquérito policial revelou que imóveis adquiridos pelo grupo criminoso foram registrados em nomes de terceiros, incluindo uma pousada localizada em Porto de Pedras, comprada em 2023 por aproximadamente R$ 5,7 milhões, valor pago por empresários envolvidos no esquema. Valores também foram usados para financiar viagens internacionais e despesas pessoais dos envolvidos.

Durante as operações, foi encontrada uma grande quantidade de dinheiro em espécie, tanto em moeda nacional quanto estrangeira, além de duas armas de fogo, cuja legitimidade ainda está sendo avaliada. Os nomes da operação remetem ao estágio final de alguns cânceres, simbolizando a gravidade do impacto das ações ilícitas na saúde pública alagoana.