Na manhã desta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, forças federais deram início à ação conjunta envolvendo a Controladoria Geral da União, Receita Federal e o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde.
A operação, batizada de Estágio IV, visa esclarecer fraudes relacionadas a contratos realizados entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e empresas fornecedoras de materiais hospitalares e construtoras, ocorridos entre 2023 e 2025. As investigações indicam que esses acordos teriam possibilitado o pagamento de vantagens indevidas aos envolvidos.
Ao todo, estão sendo cumpridos 38 mandados de busca e apreensão, além de diversas medidas de caráter cautelar. Entre elas, a suspensão das funções públicas por um período de 180 dias, decisões tomadas pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Os agentes também bloquearam bens dos suspeitos, incluindo veículos de alto valor e propriedades, com operações ocorridas nos estados de Alagoas, Pernambuco e no Distrito Federal.
As contratações diretas feitas pela Sesau têm um valor total que se aproxima de R$ 100 milhões, sendo que uma grande parcela desse montante ainda permanece em andamento. A investigação também apura o desvio de recursos do Sistema Único de Saúde por meio de cobranças superfaturadas em consultas e procedimentos médicos que nunca aconteceram, chegando a um prejuízo superior a R$ 18 milhões.
Os recursos ilegais foram repassados pela Secretaria de Saúde de Alagoas em um período entre setembro de 2023 e agosto de 2025. Em uma das modalidades de fraude, procedimentos de fisioterapia tiveram valores pagos incompatíveis com a capacidade operacional das clínicas privadas envolvidas. Parte do dinheiro ilícito foi transferida para os integrantes do esquema por meio de transferências bancárias, saques em espécie e pagamentos indiretos, compondo um sistema complexo de corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
A apuração indica que alguns suspeitos usaram terceiros para esconder a origem ilícita dos recursos, especialmente na aquisição de imóveis. As transferências de dinheiro público para contas de pessoas próximas aos investigados facilitaram a lavagem e o enriquecimento ilegal.
O inquérito policial revelou que bens imóveis adquiridos pelo grupo criminoso foram registrados em nomes de familiares e terceiros. Entre esses bens está uma pousada localizada em Porto de Pedras, comprada em 2023 por R$ 5,7 milhões, com fundos provenientes de empresários ligados ao esquema criminoso. Esses valores também sustentaram viagens internacionais e despesas pessoais dos envolvidos.
Durante a operação, foram apreendidos grande quantidade de dinheiro em espécie, tanto nacional quanto estrangeiro, além de duas armas de fogo. A legalidade das armas está atualmente sendo averiguada. O nome da ação faz referência ao estágio terminal de alguns cânceres, simbolizando a gravidade e a nocividade dos atos praticados pela organização criminosa no sistema de saúde de Alagoas.