Sensação de ouvido entupido pode gerar desconforto e interferir na audição, mas nem sempre é necessário recorrer a remédios caseiros ou procedimentos arriscados. Conhecer as origens desse problema é fundamental para adotar a postura correta.
O otorrinolaringologista Samuel Longman explica que, em certos casos, o ouvido pode se desentupir espontaneamente, bastando aguardar. Contudo, é imprescindível compreender quais fatores contribuem para esse bloqueio e suas diferentes naturezas.
Cera excessiva: A acumulação de cera no canal auditivo pode parecer um incômodo, especialmente quando causa sensação de abafamento ou perda auditiva. Entretanto, essa quantidade de cera desempenha uma função de proteção natural do ouvido. Quando há produção excessiva, acúmulo ou uma limpeza inadequada — como o uso de cotonetes — a cera pode se compactar, resultando em entupimento e diminuição da audição. Em situações mais graves, esse processo pode culminar na formação de um acúmulo volumoso.
Água no interior do canal auditivo: Nadar de máscara ou com tampões de ouvido pode evitar que a água entre na orelha. Caso contrário, a entrada de água do mar ou da piscina não apenas provoca sensação de entupimento, mas também favorece o crescimento de bactérias, levando a infecções.
Disfunção na trompa de Eustáquio: Os canais que conectam o ouvido médio ao nariz e garganta desempenham um papel na equalização da pressão interna. Quando esses canais não funcionam adequadamente — por exemplo, devido a infecções sinusais ou alergias —, a sensação de o ouvido estar bloqueado é comum.
Fatores anatômicos e características da cera: A estrutura particular do formato do ouvido ou a espessura da cera produzida podem aumentar a propensão ao entupimento, dependendo de cada indivíduo.
Algumas situações podem facilitar a resolução espontânea do bloqueio, como mudanças de altitude ou após episódios de alergias e resfriados. Mesmo assim, há sinais que indicam a necessidade de atenção médica:
Quando esses sintomas aparecem, é fundamental procurar um especialista para avaliação adequada, evitando agravamentos.
Não utilize cotonetes: Apesar de serem facilmente encontrados e utilizados, eles podem empurrar a cera ainda mais para dentro do canal, aumentando o risco de impactação ou perfuração do tímpano. Recomenda-se o uso externo apenas com esse propósito.
Evite técnicas como o candling: A prática de acender velas nas orelhas com a intenção de extrair cera é não só ineficaz, mas também perigosa, podendo causar queimaduras, obstruções por resíduos de vela ou até perfurações do tímpano.
Não insira objetos cortantes ou pontiagudos: Qualquer item duro nesse sentido pode danificar a pele ou perfurar o tímpano, agravando ainda mais a condição.
Modere o uso de gotas e sprays auriculares: A aplicação excessiva de óleos ou líquidos pode provocar irritação ou reter umidade, favorecendo infecções. Além disso, o excesso de cera líquida pode aumentar a sensação de bloqueio ao acumular-se no canal.
Se o entupimento persistir por longos períodos ou houver dúvidas quanto à causa, o ideal é consultar um profissional de saúde. Em alguns casos, a remoção da cera através de instrumentos especiais, que não colocam em risco a integridade auditiva, pode ser necessária.