O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, apresentou uma proposta revolucionária que tem provocado debates intensos nos corredores da mais alta instância judicial do país. A proposta consiste na implementação de um código de conduta exclusivo para ministros do STF e demais tribunais superiores, inspirado no rigoroso modelo do Tribunal Constitucional Federal da Alemanha. Tal iniciativa reacendeu antigas tensões internas e colocou Fachin em confronto direto com o ministro Gilmar Mendes, uma das vozes mais influentes e críticas à ideia. De acordo com fontes próximas ao tribunal, a proposta surge em meio a um cenário de crescente atenção pública às atividades extra-judiciais dos magistrados. Essa atenção se volta às participações em eventos privados, palestras patrocinadas, encontros com empresários e autoridades, além de viagens financiadas por entidades externas, ações que têm sido alvo de críticas recorrentes devido às possíveis implicações de conflitos de interesse e à transparência das ações dos membros do Judiciário. O projeto, fundamentado no código ético adotado pelo Tribunal Constitucional Federal alemão — uma referência mundial em integridade institucional —, busca estabelecer regras claras para a participação em eventos, aceitação de convites, relações com setores privados e interações com figuras políticas. A intenção dos apoiadores de Fachin é reforçar a credibilidade do Supremo, blindando-o contra críticas externas e diminuindo incertezas sobre o comportamento dos ministros, especialmente em um momento de forte pressão institucional. Contudo, a iniciativa enfrenta resistência interna, sobretudo de Gilmar Mendes, que é conhecido por sua frequente presença em eventos externos, palestras e articulações políticas, mantendo uma ligação constante com setores acadêmicos, empresariais, entidades de classe e organismos internacionais. Segundo informações obtidas nos bastidores do tribunal, Mendes teria demonstrado desconforto imediato com a proposta, interpretando-a como uma tentativa de limitar a liberdade de expressão e atuação dos ministros. Seus críticos, por sua vez, veem na reação de Mendes uma defesa de práticas que frequentemente levantam questionamentos tanto dentro quanto fora do tribunal. Outros ministros com perfil garantista, também bastante ativos em agendas externas, estariam parcialmente alinhados às preocupações de Mendes. Ainda em fase inicial, o debate interno promete ser acalorado, com possíveis discussões intensas nas próximas semanas, à medida que o tema evolui. A proposta de Fachin também busca preencher uma lacuna na legislação vigente, pois o Código de Ética da Magistratura, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça, não se aplica ao STF nem aos demais tribunais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral, o Tribunal Superior do Trabalho e o Superior Tribunal Militar. Essa ausência de um marco regulador específico para ações extrajudiciais dos magistrados de alta instância é vista como uma fragilidade que a iniciativa pretende corrigir. Especialistas destacam a importância de uma regulamentação mais rígida, especialmente diante do aumento da judicialização da política e do protagonismo da Corte em questões que impactam a sociedade, o mercado e o funcionamento institucional do país. O debate ocorre em um momento em que a atuação extra-judicial dos ministros tem sido alvo de constantes críticas e questionamentos, incluindo episódios recentes de viagens, encontros privados, participação em seminários financiados por escritórios de advocacia e aproximações com figuras políticas. Na opinião de aliados de Fachin, a proposta visa uma medida preventiva, que elevaria os padrões éticos do tribunal, minimizaria o desgaste institucional e responderia às pressões sociais por maior transparência e limites claros para os ministros, fortalecendo assim a imagem do Supremo e a confiança pública em sua atuação.