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Acidente
08/12/2025 20:00:00

União Brasil exclui oficial do partido após seu alinhamento com o governo Lula

Decisão ocorre após tensões crescentes e mudanças na relação entre o político e a sigla

União Brasil exclui oficial do partido após seu alinhamento com o governo Lula

Após uma série de conflitos internos e acusações públicas, a legenda União Brasil decidiu expulsar o deputado federal Celso Sabino, que atualmente ocupa cargo no governo do presidente Lula. Essa medida foi tomada após episódios de ameaças de desligamento do parlamentar, incluindo uma carta de demissão apresentada ao chefe do Executivo, a qual Sabino posteriormente reconsiderou, permanecendo na sua posição.

A decisão de deixar a sigla foi oficializada em setembro, com o foco principal em Sabino, que manteve suas indicações para cargos de alta relevância, como diretores de estatais e ministros, mesmo sem possuir mandato eleitoral direto.

O processo culminou na recomendação do Conselho de Ética do partido, em final de novembro, sugerindo a expulsão do ministro e a dissolução do diretório de Paraíba, liderado por Sabino, além da formação de uma comissão provisória para comandar a legenda temporariamente. A formalização da expulsão ocorreu em reunião realizada na terça-feira, com a cúpula da sigla às 15h.

A crise entre Sabino e o União Brasil ganhou força após publicações do Instituto Conhecimento Liberta (ICL) e do portal UOL, revelando acusações feitas por um piloto contra Antonio Rueda, presidente do partido, de supostamente possuir aviões utilizados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Rueda negou veementemente tais alegações na época.

Após as revelações, integrantes do partido perceberam uma possível interferência do Palácio do Planalto, principalmente porque um dos autores das reportagens tinha um programa na TV Brasil. Como consequência, União Brasil orientou seus membros que ocupam cargos governamentais no governo Lula a deixarem suas posições, buscando evitar mais conflitos.

Sabino, que é deputado federal licenciado, tentou permanecer na administração por conta de sua participação na organização da COP30, a Conferência Climática da ONU, que seria realizada no Pará, seu estado natal. Contudo, a direção do partido determinou que ele deixasse o cargo, sob pena de expulsão.

Já a relação entre Antonio Rueda e o governo federal apresentava sinais de deterioração antes mesmo das denúncias do ICL. O dirigente reclamava de não ter sido recebido pelo presidente Lula e declarou publicamente que a primeira reunião ocorreu em julho, um dia após o Congresso federal rejeitar um decreto presidencial relacionado ao IOF, considerada uma reunião de péssima qualidade por lideranças do União Brasil.

Desde então, o presidente Lula criticou publicamente as posições de Rueda, que também é presidente da federação do partido com o PP, alinhado à oposição ao governo petista e apoiando uma candidatura de centro-direita para as eleições de 2026. Em uma reunião ministerial em agosto, Lula cobrou fidelidade dos ministros do Centrão e citou nominalmente Rueda, afirmando que não gostava dele e tinha certeza de que o sentimento era recíproco.

Durante o início dos conflitos, Davi Alcolumbre, presidente do Senado e aliado de Rueda, era o principal canal de ligação entre o Palácio do Planalto e a legenda. Entretanto, essa conexão também foi afetada após Lula indicar Jorge Messias ao STF, preferindo a nomeação de Pacheco (PSD-MG), uma decisão que desagradou Alcolumbre.

Em resposta às mudanças, o presidente do Senado começou a incluir na agenda do Congresso temas considerados delicados para as finanças do governo, além de desencadear uma nova rodada de tensões entre Legislativo e Executivo, refletindo o aprofundamento do desentendimento interno dentro da política brasileira.