A minoria religiosa drusa, que possui uma presença histórica no Oriente Médio, tornou-se o centro de uma crise que se agravou após uma recente escalada de violência na Síria. O conflito, inicialmente motivado por tensões locais entre beduínos e membros da comunidade drusa, evoluiu para uma crise internacional quando Israel lançou ataques aéreos na capital síria, Damasco, nesta semana. Apesar de um acordo de trégua ter sido estabelecido, já há mais de 300 vítimas fatais.
A comunidade drusa tem uma trajetória longa e complexa na região, com populações dispersas por vários países, incluindo Síria, Líbano, Israel e Jordânia. Estima-se que aproximadamente um milhão de drusos vivem globalmente, com cerca de 700.000 residentes na Síria, representando aproximadamente 3% da população local.
Os principais grupos étnico-religiosos no país incluem os sunitas, que representam cerca de 70%, seguidos pelos alauítas, com 10%, e os xiitas, que somam 3%. Recentemente, a pressão por direitos das minorias aumentou devido à violência contínua, levando os drusos a pressionarem o governo provisório sírio, dominado por sunitas.
Na Síria, a presença drusa é mais concentrada na província de Sueida, localizada na região sul, além de bairros como Jaramana e Ashrafiyat Sahnaya, em Damasco. Além desses, países como Líbano, Israel e Jordânia também abrigam comunidades drusas. Em Israel, há aproximadamente 150.000 indivíduos da etnia, dos quais cerca de 20% possuem cidadania israelense e podem servir nas forças armadas, sendo que oficiais de alto escalão são considerados figuras de destaque.
A maioria desses residentes vive na região norte do país e nas Colinas de Golã, controladas por Israel. Após a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, diferentes posições emergiram dentro da comunidade drusa. Enquanto alguns líderes apoiaram uma Síria unificada e pluralista, outros adotaram uma postura mais resistente, formando suas próprias forças de segurança e resistindo à centralização do novo governo liderado pelos sunitas. Em 2025, mais de 100 drusos perderam a vida em confrontos com forças governamentais, que também foram responsáveis pela morte de cerca de 1.700 pessoas, principalmente da minoria alauíta.
Na semana passada, a retirada das tropas do governo de Sueida foi comemorada por líderes como Ahmed al-Sharaa, que prometeu proteger a comunidade drusa contra a violência, prometendo responsabilizar os responsáveis pelos ataques contra o povo druso, afirmando que esses indivíduos estavam sob a tutela do Estado. A relação entre os drusos sírios e Israel também é um tema delicado. O governo israelense afirma que seu objetivo é proteger os drusos na Síria, o que encontra respaldo em uma parcela da comunidade drusa israelense.
Contudo, enquanto a maioria rejeita as ofertas de auxílio de Israel, analistas interpretam a postura de Jerusalém como uma estratégia para enfraquecer a influência síria na região sul do país. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já pediu a desmilitarização completa do sul da Síria, e há registros de tropas israelenses avançando além das áreas de contenção designadas, aproximando-se ainda mais do território sírio.