No dia 6 de dezembro, diversas nações europeias comemoram a memória de São Nicolau, um bispo do século IV conhecido por sua generosidade e pelo carinho dedicado às crianças. Essa data marca o aniversário de sua morte em 350 d.C., e sua história é marcada por milagres e ações solidárias que o elevaram ao status de santo pela Igreja Católica.
Ele se tornou um símbolo ligado ao nascimento de Jesus, tornando-se um dos santos mais populares na cristandade. Contrariando a imagem tradicional de um velhinho rechonchudo vestido de vermelho, o São Nicolau histórico era alto, magro, trajava uma batina branca e usava mitra, características típicas de bispos daquela época. Sua figura original é bastante distinta da representação moderna do Papai Noel.
Originário de Demre, na Turquia, antiga cidade de Mira, Nicolau é protagonista de múltiplas lendas. A mais famosa relata sua doação de riquezas aos pobres, incluindo um episódio onde ajudou uma família cuja filha não podia se casar por falta de dote, colocando pepitas de ouro nos quartos das jovens durante três noites consecutivas.
Essas pepitas teriam se transformado em moedas de ouro, garantindo o casamento das moças. Ele também é reverenciado como um protetor dos navegantes e do mar, levando ao fato de várias igrejas costeiras carregarem seu nome—mais de 400 apenas na Inglaterra, e mais de 60 em Roma.
Na ilha alemã de Borkum, no Mar Báltico, uma tradição peculiar foi instaurada por volta de 1830. Conhecido como Klaasohm, o 'tio Nicolau' fazia sua aparição na noite de 5 para 6 de dezembro, usando um grande chifre de vaca para assustar jovens mulheres. Essa brincadeira envolvia seis personagens mascarados com peles de ovelha, narizes vermelhos e caudas de vaca, que distribuíam doces às crianças e se divertiam com os homens nos bares locais. Apesar de sua popularidade, essa prática passou por mudanças recentes.
Em 2024, o ritual controverso de espancar mulheres com chifres foi cancelado após denúncias de violência feitas pela emissora pública NDR, que pressionou os organizadores. A associação responsável, Borkumer Jungens 1830, declarou que o foco agora é na solidariedade do evento, deixando de lado aspectos violentos, e reforçou seu compromisso com o espírito de união.
As autoridades policiais de Borkum também reforçaram a política de intolerância zero contra qualquer forma de agressão, enquanto dezenas de mulheres locais protestaram contra o encerramento da tradição. No Países Baixos e na Bélgica, o personagem de São Nicolau é conhecido como Sinterklaas. Ele e seu ajudante, Zwarte Piet, supostamente vivem na Espanha e visitam a Holanda todos os anos, chegando de navio no início de novembro com transmissão ao vivo na televisão.
O dia 6 de dezembro é dedicado à troca de presentes, e a figura de Sinterklaas é retratada usando roupas de bispo, enquanto Zwarte Piet é tradicionalmente pintado de preto, uma prática que gera debates sobre questões raciais. O auxílio de Sinterklaas é complementado por outros nomes em países vizinhos: na Alemanha, ele é conhecido como Knecht Ruprecht, na Suíça como Schmutzli, e na Áustria como Krampli.
Esses ajudantes carregam chicotes, correntes e varas, simbolizando uma origem medieval relacionada ao medo e à disciplina, contrastando com a imagem benevolente do Papai Noel. Na Finlândia, o personagem chamado Joulupukki vem de Lapônia e distribui presentes no dia 6 de dezembro. Alguns interpretam seu saco de presentes e sua vara como símbolos de fertilidade masculina.
A figura do Papai Noel, como é conhecido atualmente, vem competindo pelo espaço no imaginário natalino desde 1931, quando a Coca-Cola lançou campanhas publicitárias apresentando a versão do velhinho gordo, de roupas vermelhas. Criado pelo cartunista americano Thomas Nast, esse personagem foi popularizado na televisão, frequentemente retratando-o entregando presentes e consumindo refrigerantes para as crianças.