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Mundo
06/12/2025 22:00:00

Líder Sírio denuncia ações unilaterais de Israel e solicita retorno ao acordo de 1974

Discurso do presidente interino na Conferência de Doha destaca tensões na fronteira sul e critica invasões militares

Líder Sírio denuncia ações unilaterais de Israel e solicita retorno ao acordo de 1974

Durante o Fórum de Doha, realizado no Catar neste sábado (6), o presidente provisório da Síria, Ahmed Al-Sharaa, acusou Israel de promover crises em outros países e de estar envolvidos em uma luta fútil contra "fantasmas".

Ele também reforçou a necessidade de restabelecer o tratado de 1974, que estabeleceu a separação entre forças sírias e israelenses. Na entrevista conduzida pela renomada âncora internacional Christiane Amanpour, Al-Sharaa reiterou seu apelo para que Israel retome o acordo de 1974, que desde sua assinatura tem sido fonte de controvérsia. Segundo ele, as tropas israelenses invadiram o sul da Síria há um ano, após a queda do regime de Bashar al-Assad, e continuam ocupando posições estratégicas no Monte Hermon, uma área que, nos últimos cinco décadas, funcionou como uma zona tampão. Autoridades israelenses afirmaram que as forças de defesa de seu país permanecerão nos locais conquistados há um ano, sem previsão de evacuação. Al-Sharaa condenou essa postura, afirmando que a Síria não aceita a permanência de uma zona tampão alternativa, e exigi que Israel retire suas tropas até as linhas anteriores ao dia 8 de dezembro de 2024, com a participação dos Estados Unidos nas negociações.

Descrevendo as revisões no acordo como ameaças à estabilidade, o líder sírio questionou quem protegeria a área tampão caso o exército ou as forças do país não estivessem presentes. Ele também denunciou que, desde o início das hostilidades, a Síria foi alvo de mais de mil ataques aéreos e sofreu mais de 400 incursões. Em relação aos incidentes recentes, uma operação militar israelense no sul do país resultou na morte de pelo menos 13 pessoas, no final do mês passado.

Além disso, forças rebeldes apoiadas por Al-Sharaa avançaram na capital síria em dezembro do ano anterior, forçando Bashar al-Assad a fugir temporariamente. O presidente interino destacou a responsabilidade do governo nas violações ocorridas na costa síria no início deste ano, quando centenas de soldados alauítas, uma minoria étnica que apoiou o regime, foram mortos. Apesar dos horrores, ele reforçou que a Síria mantém um sistema de Estado de Direito, e que fortalecer essa estrutura é fundamental para garantir os direitos das minorias. Quanto ao processo eleitoral, Al-Sharaa informou que seu mandato será prorrogado por mais quatro anos, período durante o qual uma nova constituição será elaborada e as instituições políticas serão consolidadas.

Ele explicou que as eleições só acontecerão após esse procedimento, pontuando que a recente votação parlamentar indireta, ocorrida em outubro, teve uma participação limitada, especialmente de mulheres e minorias. No âmbito diplomático, o líder sírio revelou ter visitado Washington recentemente, onde se reuniu com membros do Congresso americano para pressionar pela revogação da Lei César, que ainda impõe sanções ao país, embora tenha sido suspensa por mais 180 dias.

Ele afirmou que o entendimento entre as partes está avançado, atingindo cerca de 95% do acordo desejado. Al-Sharaa também comentou sobre a economia síria, dizendo que ela começa a mostrar sinais de recuperação. Investimentos significativos têm sido realizados, especialmente com o apoio financeiro da Arábia Saudita e do Catar, além da entrada de empresas estrangeiras nos setores de energia e construção.

Ele destacou que a situação de energia melhorou consideravelmente, passando de uma média de uma hora e meia de eletricidade diária para entre 12 e 14 horas, com a expectativa de que o país alcance a autossuficiência energética ainda neste ano.