O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) declarou apoio à solicitação feita pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, incentivando brasileiros a se mobilizarem nas ruas para apoiar o país vizinho, especialmente diante do aumento das tensões com os Estados Unidos.
Em entrevista concedida ao programa Conexão BdF, transmitido pela Rádio Brasil de Fato, Rosana Fernandes, integrante da coordenação política do MST na Venezuela, afirmou que a homenagem do líder venezuelano, ao receber e vestir o boné do movimento, simboliza um reforço no compromisso entre as comunidades organizadas do continente.
Fernandes explicou que a entrega do chapéu representa a solidariedade que vem sendo construída há décadas entre o MST e grupos populares venezuelanos. Ela ressaltou que, neste momento de forte pressão internacional, o movimento não tem motivo para esconder seu apoio político.
“Foi uma demonstração de apoio ao povo venezuelano, não apenas ao presidente Maduro, mas a toda a representação do povo organizado, que resiste às pressões há anos”, afirmou. O MST mantém há duas décadas uma brigada internacional na Venezuela, composta por aproximadamente 30 integrantes envolvidos em comunidades urbanas e rurais.
A coordenadora descreveu um cenário de crescimento na mobilização das bases populares, mesmo diante do temor causado pela possibilidade de uma intervenção militar dos EUA. “Há uma grande confiança naqueles que lideram. Porém, também existe uma disposição de resistência por parte do povo, inclusive com risco de suas próprias vidas, se necessário”, relatou.
Ela destacou o progresso das comunas venezuelanas, que atualmente ultrapassam cinco mil, as quais participam ativamente na definição do projeto bolivariano. “A organização popular e o controle de poder têm se concretizado por meio das decisões coletivas do povo”, completou.
Ao ser questionada sobre qual papel o Brasil poderia desempenhar neste contexto, Fernandes defendeu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria assumir uma postura mais proativa na mediação com os Estados Unidos. “Acreditamos e esperamos que Lula possa exercer maior influência nessas negociações. Temos muita esperança na força do governo brasileiro e do povo brasileiro na defesa da Venezuela”, declarou.
Para ela, a solidariedade deve se concentrar na proteção da população mais vulnerável, especialmente em tempos de conflito. Por fim, a dirigente reforçou o apelo feito por Maduro para que a população brasileira manifeste-se contra o aumento das tensões. “Vamos às ruas, vamos defender a Venezuela, porque ela não representa uma ameaça — ela simboliza esperança na América Latina”, concluiu.