Na manhã desta sexta-feira (5), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interceptou uma carga de drogas ilegais durante uma fiscalização na rodovia BR-369, em Campo Mourão, no interior do Paraná.
Durante a ação, agentes localizaram escondidas na estrutura de uma van Volkswagen Tiguan 10 unidades de medicamentos para emagrecimento contendo retatrutida, uma substância que ainda não recebeu autorização para uso no Brasil e que se encontra em fase experimental.
A apreensão evidencia a circulação irregular de produtos voltados à perda de peso que não possuem liberação oficial por parte das autoridades sanitárias. Entre esses medicamentos, a retatrutida se destaca por estar em evidência tanto na pesquisa científica quanto nas redes sociais, apesar de não estar disponível legalmente no mercado brasileiro.
Conforme explica o endocrinologista Dr. Eduardo Henrique, medicamentos que atuam no hormônio GLP-1 — produzido no intestino e responsável por controlar os níveis de glicose no sangue e promover a sensação de saciedade — já são usados no tratamento de obesidade e diabetes tipo 2, incluindo medicamentos como semaglutida, liraglutida e dulaglutida.
Outros, como a tirzepatida, também fazem parte desse grupo e apresentam bons resultados na perda de peso, atuando em dois hormônios simultaneamente. A retatrutida, entretanto, distingue-se por sua ação em três hormônios ao mesmo tempo, o que potencializa seus efeitos.
Um estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine revelou que, em uma pesquisa com mais de 300 adultos obesos ou com sobrepeso, que não tinham diabetes, aqueles que usaram retatrutida por 48 semanas chegaram a reduzir, em média, 24,2% do peso total, uma marca inédita na história dos medicamentos de emagrecimento e próxima aos índices obtidos por cirurgias bariátricas.
Além da retatrutida, a operação também apreendeu 10 frascos de tirzepatida, princípio ativo do remédio Mounjaro, de origem paraguaia e sem registro na Anvisa, ambos utilizados na perda de peso.
Ainda durante a fiscalização, os agentes apreenderam 56 iPhones, quatro unidades de AirPods e um iPad, avaliados em aproximadamente R$ 480 mil. Segundo o condutor do veículo, os medicamentos seriam destinados ao Rio de Janeiro, enquanto os eletrônicos seriam vendidos por meio de plataformas nas redes sociais.
O material e o motorista foram encaminhados à Receita Federal de Maringá para providências cabíveis.