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América Latina
06/12/2025 02:00:00

Expansão da Presença Militar dos EUA na Região da Venezuela Intensifica Tensão Geopolítica

Navios, aviões e tropas americanas reforçam a estratégia de controle e possíveis ações de intervenção no Caribe

Expansão da Presença Militar dos EUA na Região da Venezuela Intensifica Tensão Geopolítica

Recentemente, a BBC Verify revelou a localização de mais cinco embarcações militares dos Estados Unidos na área, como parte de uma operação de grande escala. Essa movimentação ocorre após uma série de ataques aéreos realizados pelos EUA contra supostos barcos de tráfico de drogas no Caribe e no Pacífico Oriental, considerados essenciais pelo governo de Donald Trump para frear o entrada de narcóticos.

A ação militar americana encolheu-se em resposta à crescente tensão na região, com sinais de uma ofensiva contra a Venezuela. Na terça-feira (02/12), Trump declarou que uma intervenção terrestre no país seria iminente, afirmando que "é muito mais fácil por terra" e que as rotas clandestinas conhecidas pelos traficantes serão alvo de operações em breve.

Ele destacou também que as forças de segurança têm informações detalhadas sobre os criminosos e suas residências. Na quarta-feira (03), o governo norte-americano orientou seus cidadãos a evitarem viagens à Venezuela e recomendou que aqueles presentes no país tentem deixá-lo imediatamente.

Segundo um comunicado oficial, há riscos elevados de detenção arbitrária, tortura, terrorismo, sequestro, aplicação ilegal de leis locais, criminalidade, instabilidade civil e infraestrutura de saúde precária. A presença militar dos EUA inclui milhares de soldados e o maior porta-aviões do mundo, posicionados a uma distância estratégica da Venezuela, alimentando especulações sobre uma possível intervenção militar direta.

Quanto à localização dessas forças, o início da operação foi registrado em agosto, com o envio de aviões e unidades navais, incluindo um submarino nuclear e aeronaves de reconhecimento. Desde então, a força militar americana passou a reunir um porta-aviões, destróieres equipados com mísseis guiados e navios de assalto capazes de desembarcar milhares de soldados. Imagens de satélite identificaram um mínimo de seis embarcações de guerra na região na última semana. Além disso, a BBC Verify detectou várias outras embarcações próximas ao USS Gerald R. Ford, bem como em diferentes pontos do Caribe.

Entre as identificadas estão o MV Ocean Trader, um navio de comando para operações especiais, avistado entre Porto Rico e a República Dominicana em 25/11, e uma embarcação da classe USS Antonio, um transporte anfíbio, observado a 90 km ao sul de Porto Rico em 27/11.

O navio mais próximo da Venezuela foi um de reabastecimento de combustível, visto a 480 km ao norte da costa venezuelana na mesma data. Outras cinco embarcações continuam na área, embora suas identidades não tenham sido confirmadas. Algumas dessas embarcações retornaram aos EUA, sendo vistas em Key West, na Flórida, podendo estar lá para reabastecimento ou outras operações.

Na esfera aérea, os Estados Unidos deslocaram caças F-35 para suas bases no Caribe e realizaram voos de bombardeiros e mísseis de reconhecimento na região. Dados de rastreamento de voo indicam a presença de quatro aeronaves militares americanas próximas à Venezuela nos dias 20 e 21 de novembro.

Um bombardeiro estratégico B-52, com o indicativo TIMEX11, foi registrado sobre a Guiana por volta das 19h45 do dia 20/11, partindo de Dakota do Norte e retornando no dia seguinte.

Uma aeronave de patrulha da força aérea, com o indicativo ALBUS39, sobrevoou a costa leste venezuelana por aproximadamente duas horas após as 18h daquele dia. Além disso, um caça Super Hornet, com o indicativo FELIX11, foi visto na costa oeste. Uma aeronave-tanque também foi registrada sobre o sul do Caribe às 21h30 de 21/11, deixando de transmitir sua localização posteriormente.

Em outubro, outros três bombardeiros B-52 realizaram sobrevoos na costa venezuelana, retornando às suas bases após o trajeto. No mês passado, diversas aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon foram vistas voando na região, partindo de uma base naval na Flórida, indicando o interesse dos EUA em obter informações militares estratégicas na área.

Especialistas afirmam que tais ações indicam uma tentativa dos EUA de ampliar sua inteligência sobre a região, com o analista Henry Ziemer, do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS), destacando que o uso de P-8A ocorre globalmente onde os interesses marítimos americanos estão envolvidos.

Trump também autorizou a CIA a realizar operações secretas na Venezuela, embora detalhes sejam mantidos sob sigilo. O aumento da presença militar despertou preocupações de que os EUA possam estar planejando uma intervenção direta, ameaçando a estabilidade da Venezuela e levantando suspeitas de uma possível tentativa de derrubar o governo de Nicolás Maduro.

Especialistas do setor alertam que, embora o governo Trump negue, o nível de força acumulada sugere riscos elevados de escalada para uma guerra regional. Donald Trump afirmou, em entrevista ao programa CBS ‘60 Minutes’ em 3 de novembro, que duvida de uma guerra iminente, embora reconheça a hostilidade dos venezuelanos ao seu país. Em 29/11, o mesmo presidente declarou que o espaço aéreo ao redor da Venezuela deveria ser considerado totalmente fechado.

A Venezuela, por sua vez, acusa os EUA de promover tensões com o objetivo de derrubar seu governo. Em novembro, o país mobilizou 200 mil militares em uma resposta às ações estrangeiras. Desde setembro, os Estados Unidos realizaram pelo menos 21 ataques aéreos em águas internacionais do Caribe e do Pacífico Oriental, segundo informações do CBS News, causando a morte de pelo menos 83 indivíduos.

As autoridades americanas não divulgaram as identidades das vítimas, mas afirmam que eram todos narcoterroristas, incluindo traficantes de pequeno porte e um líder de organização criminosa local. Os ataques, justificam os EUA, são necessários para combater o fluxo de drogas provenientes da América Latina, especialmente com foco na gangue venezuelana Tren de Aragua, considerada organização terrorista pelo governo americano.

Os ataques refletem uma política de combate ao narcotráfico, embora haja debates legais sobre sua legalidade, já que alguns especialistas argumentam que essas ações podem violar o direito internacional ao atingirem civis sem garantir o devido processo.