Na última sessão do ano de 2025, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS encerrou suas atividades, apresentando uma pauta marcada por derrotas a diferentes blocos políticos e algumas vitórias. Entre as decisões, a comissão votou contra a convocação do advogado-geral da União e indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF), Jorge Messias.
Durante o debate, parlamentares favoráveis à sua oitiva argumentaram que ele deveria esclarecer ações da Advocacia-Geral da União relacionadas a descontos indevidos em benefícios previdenciários. Relatórios apresentados indicam nove entidades que tiveram expressivo aumento de demandas judiciais por cobranças irregulares, porém a maioria concluiu que Messias não estaria diretamente ligado às fraudes investigadas. Outro foco da votação foi a tentativa de convocar Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, apontado em depoimentos sobre possíveis repasses ilícitos envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social.
A iniciativa foi apresentada pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que alegou que o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido mensalmente R$ 300 mil de Antônio Carlos Camilo Antunes, chamado de 'Careca do INSS'.
Essa denúncia, originada de depoimento sigiloso, foi compartilhada com a Polícia Federal e a CPMI, com a testemunha afirmando participação no esquema e alegando perseguição por parte de Antunes. No entanto, a bancada governista considerou o requerimento de natureza meramente política.
A comissão também aprovou a convocação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, cuja família controla a Zema Financeira, especializada em empréstimos consignados. O pedido foi feito pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), que criticou o possível favorecimento da empresa por uma medida provisória relacionada a créditos destinados a beneficiários sociais. Zema, por sua vez, nega qualquer envolvimento e afirma estar afastado da gestão da firma desde 2018, suspeitando de motivações eleitorais na solicitação.
Outro nome confirmado na lista de convocados foi o do empresário Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, alvo da Operação Compliance Zero. A instituição possui um alto volume de reclamações e está sob investigação por fraudes em operações de crédito consignado no valor de bilhões de reais. Vorcaro, que chegou a cumprir prisão preventiva e atualmente usa tornozeleira eletrônica, foi considerado essencial pelo relator Alfredo Gaspar (União Brasil-AL).
Durante o dia, a CPMI também rejeitou pedidos para convocar figuras como Leila Pereira, presidente do Palmeiras e executiva do Banco Crefisa, além de dirigentes de entidades financeiras como Santander, C6 Bank e PicPay. Houve ainda a rejeição do requerimento para realizar a quebra de sigilos bancários da Zema Crédito.
Com o encerramento das atividades previstas para este ano, o senador Carlos Viana anunciou que solicitará uma prorrogação de 60 dias para o funcionamento da comissão, cujo prazo atual termina em março de 2026. Segundo ele, não será possível concluir as investigações no período restante, justificando a necessidade de extensão. As investigações deverão ser retomadas em fevereiro de 2026, com foco no aprofundamento das apurações e na oitiva de novos envolvidos nas fraudes que prejudicam aposentados e pensionistas.