Vladimir Putin, presidente da Rússia, advertiu que suas tropas irão agir na área de Donbas, no leste ucraniano, caso as forças ucranianas não se retirem voluntariamente da região. Ele também deixou claro que Moscou não aceita negociações para encerrar o conflito, reafirmando que controlam aproximadamente 85% de Donbas.
O líder russo, em entrevista ao jornal India Today, afirmou: "Ou libertamos esses territórios pela força, ou as tropas ucranianas abandonarão esses espaços". Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deixou claro que não há intenção de ceder território. Essas declarações ocorreram após Donald Trump, ex-presidente dos EUA, indicar que seus negociadores de paz disseram que Putin mostrou interesse em resolver o conflito após conversas realizadas na última terça-feira (2/12) em Moscou.
Steve Witkoff, representante de Trump presente na capital russa, tinha uma reunião agendada com diplomatas ucranianos na Flórida. Trump comentou que as discussões na Rússia foram "razoavelmente positivas" e acrescentou que ainda é cedo para prever possíveis desfechos, usando a expressão americana "two to tango".
O governo de Moscou comunicou que aguarda uma resposta oficial de Washington sobre o encontro, com Yuri Ushakov, assessor do Kremlin, afirmando: "Estamos agora esperando a reação dos colegas americanos à nossa reunião de terça-feira". No campo das operações militares, imagens divulgadas mostram forças russas assumindo o controle de Krasnoarmeysk, na região de Donetsk, e Volchansk, na área de Kharkiv, na última sexta-feira, 2 de dezembro de 2025.
Trump avaliou que o encontro no Kremlin foi "bastante promissor", embora tenha destacado que o cenário ainda é incerto, pois é necessário que duas partes concordem para que um acordo seja firmado. O Kremlin ressaltou que ainda não há uma resposta formal de Washington após a reunião e reforçou que suas negociações continuam, embora reconheça divergências sobre pontos essenciais, como o futuro do território ucraniano sob controle russo e as garantias de segurança para Kiev. Yuri Ushakov, principal conselheiro de Putin na área de política internacional, afirmou que nenhuma decisão definitiva foi tomada, deixando claro que as negociações não resultaram em compromissos concretos até o momento.
A Ucrânia acusa Moscou de bloquear qualquer tentativa de cessar-fogo, alegando que a Rússia busca ampliar sua ocupação territorial. Em resposta às negociações, o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Andrii Sybhia, criticou Putin, dizendo que ele está "perdendo tempo", e reforçou a necessidade de garantias sólidas de segurança para seu país em qualquer acordo de paz.
Na semana passada, Zelensky declarou que seus principais negociadores conseguiram fazer avanços no plano de paz originalmente elaborado pelos EUA, que era considerado favorável à Rússia, durante reuniões em Genebra ocorridas em 23 de novembro. Uma declaração conjunta divulgada na ocasião revelou que as partes desenvolveram uma "estrutura de paz atualizada e aprimorada", embora detalhes específicos não tenham sido revelados.
Negociadores europeus, inicialmente preocupados com o plano americano, também estiveram na mesma cidade suíça na semana passada, tendo encontros separados com equipes ucranianas e americanas. Além disso, um relatório do jornal alemão Der Spiegel, divulgado nesta quinta-feira, revelou uma transcrição confidencial de uma teleconferência na qual líderes europeus expressaram receios de que os Estados Unidos possam comprometer a integridade territorial da Ucrânia sem oferecer garantias de segurança claras. Segundo o documento, Emmanuel Macron, presidente francês, teria dito que os EUA poderiam trair Kiev ao não definir claramente suas garantias. Friedrich Merz, chanceler alemão, foi citado alertando que Zelensky deve agir com extrema cautela nos próximos dias, e o presidente finlandês, Alexander Stubb, afirmou que não se pode deixar a Ucrânia e seu líder sozinhos diante da situação.
A BBC não confirmou a autenticidade do conteúdo divulgado por Der Spiegel. A Casa Branca, em nota enviada à imprensa, destacou que seus representantes continuam empenhados em impedir uma escalada do conflito, realizando reuniões com o objetivo de criar um plano de paz sustentável. Moscou, por sua vez, lançou uma ofensiva militar de grande escala na Ucrânia em fevereiro de 2022, atualmente controlando cerca de 20% do território ucraniano.
Nos últimos dias, forças russas avançam lentamente na região sudeste do país, apesar de relatos de pesadas perdas em combate.