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Economia
04/12/2025 20:00:00

Brasil registra crescimento de 0,1% no PIB no terceiro trimestre, aponta IBGE

Desempenho econômico abaixo das projeções reforça sinais de desaceleração para 2025

Brasil registra crescimento de 0,1% no PIB no terceiro trimestre, aponta IBGE

A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi de apenas 0,1% entre julho e setembro, segundo dados publicados nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este resultado ficou aquém das expectativas e sinaliza um enfraquecimento na trajetória de crescimento do país, refletindo uma desaceleração que deve perdurar em 2025.

Após os avanços de 1,5% no primeiro trimestre e 0,3% no segundo, revisados posteriormente pelo IBGE para 1,3% e 0,4%, respectivamente, o crescimento no terceiro trimestre demonstra um ritmo mais moderado. Os números indicam que o setor de serviços, responsável por cerca de 70% da economia nacional, teve uma elevação de apenas 0,1% na mesma período, uma desaceleração frente aos aumentos de 1,0% e 0,3% nos dois trimestres anteriores. Por outro lado, a agroindústria voltou a mostrar recuperação ao crescer 0,4%, após uma retração de 1,4% no segundo trimestre, embora ainda distante dos 16,4% registrados no início do ano. A indústria também apresentou sinais positivos, com crescimento de 0,8%, recuperando-se de aumentos menores de 0,2% e 0,6% nos primeiros dois trimestres.

No aspecto do consumo, as despesas das famílias desaceleraram bastante, atingindo apenas 0,1% de expansão após avanços de 0,6% nos dois períodos anteriores, indicando perda de ritmo mesmo com mercado de trabalho aquecido e aumento na renda. O consumo do governo, por sua vez, permaneceu estável, crescendo 1,3% na terceira fase do ano, igual ao resultado do primeiro trimestre.

O investimento também mostrou sinais de melhora, com a Formação Bruta de Capital Fixo voltando ao campo positivo em 0,9%, revertendo a queda de 1,5% registrada anteriormente, embora ainda esteja abaixo da taxa de 2,3% observada nos primeiros meses do ano. No comércio exterior, as exportações de bens e serviços subiram 3,3%, após um aumento de 1,0% no segundo trimestre, enquanto as importações tiveram uma alta de 0,3%, revertendo uma queda de 2,4%.

Este cenário externo foi influenciado por incertezas relacionadas às tarifas impostas pelos Estados Unidos, que entraram em vigor no início de agosto, afetando diversos produtos brasileiros destinados ao mercado norte-americano. Em novembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a retirada da tarifa de 40% aplicada a 238 produtos, incluindo carne bovina e café. Contudo, exportações de outros itens continuam sujeitas a uma tarifa de 50%, e as negociações entre os governos ainda estão em andamento.

O Banco Central do Brasil se prepara para uma nova reunião nas próximas terça e quarta-feiras, sendo esperado que mantenha a taxa básica de juros, a Selic, em 15%, após indicar que essa política deve ajudar a trazer a inflação de volta à meta de 3%. A política monetária restritiva é vista como um fator que contribui para o fraco desempenho econômico, dificultando novos investimentos, o expansão do consumo e o acesso ao crédito.

A expectativa é de que a desaceleração continue, consolidando uma tendência de enfraquecimento da atividade econômica do país, com o consumo das famílias desacelerando para 0,1%, apesar de um mercado de trabalho aquecido. A Formação Bruta de Capital Fixo, medida de investimento, desacelerou de 2,3% nos primeiros meses para 0,9%, e o setor de serviços, que lidera a economia, cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre. Por fim, o setor de carnes e commodities brasileiras mantém expectativas de crescimento.

Recentemente, a associação do setor indicou que o país pode aumentar suas exportações de frango em 0,5% em 2025, após a reversão de embargos comerciais. Ainda, as exportações de bens e serviços tiveram forte avanço, impulsionadas pelo aumento de 3,3% no comércio externo, enquanto as importações ficaram praticamente estáveis, com alta de 0,3%.